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Foi-se o tempo que mocinhas virginais alavancavam a audiência das novelas. Ultimamente, as vilãs sensuais caem no gosto popular de tal forma que, mesmo depois de bastante tempo, algumas se tornam uma espécie de estrela intocada em altares repletos de luxúria e artimanhas maquiavélicas que só elas são capazes de colocar em prática. Cláudia Abreu sabe como ninguém o que é ocupar tal lugar no imaginário popular. A atriz, que magistralmente fez da ambiciosa Laura da novela "Celebridade" uma heroína de caráter duvidoso e deixou sua rival Maria Clara (Malu Mader) no chinelo, garante que precisou de um tempo para curar a ressaca que a personagem causou.

- Sempre que você termina um personagem forte acontece isso. E se ele é muito popular como a Laura foi, você vive isso de uma maneira tão intensa que acaba cansada de si mesma, da rotina e da exposição. É como uma ressaca mesmo - compara atriz.

De cabelos mais curtos e escuros, Cláudia não lembra em nada a "cachorra" do folhetim que saiu do ar em junho do ano passado. Ela enterrou a oportunista loura criada por Gilberto Braga por um bom motivo: a atriz volta à telinha na pele de Vitória, uma ex-menina de rua que vai enfrentar a fúria da bem-sucedida empresária Bia Falcão (Fernanda Montenegro) por ter se casado com seu neto, o herdeiro da fortuna, Pedro (Henri Castelli). E, pelas primeiras cenas da novela "Belíssima", que estréia no dia 7 de novembro na Rede Globo, a atriz mostra mais uma vez sua porção camaleônica: o olhar é doce, os gestos suaves. Nada remete àquela personagem tão cruel.

- É muito bom você poder fazer uma coisa radicalmente oposta ao que você fez anteriormente. Tive muita vontade de fazer a Vitória pelo fato de ser uma mulher forte, não é uma mocinha indefesa e frágil. Ela tem um passado muito difícil, mas é dona de uma fibra, sabe? Ao mesmo tempo consegue manter uma certa suavidade, um frescor que é muito bacana - analisa ela, que também aceitou o convite pela vontade já declarada de trabalhar com o autor Sílvio de Abreu, já que não topou fazer a Sol de "América".

- Fazer "América" também seria maravilhoso, mas tinha acabado de fazer a Laura e precisava de um tempo para cuidar da minha filha Maria (ela tem três anos). Já em "Belíssima" tudo se encaixou perfeitamente: o elenco, os diretores. E tinha o Sílvio à frente do projeto, uma pessoa com quem sempre quis fazer algo - completa.

Para compor Vitória, Cláudia diz que não foi necessário buscar nos trejeitos das meninas que vendem balas em sinas de trânsito artifícios para a sua interpretação. A atriz, que pouco aparecerá no folhetim desta forma, avisa que o fundamental na construção do papel foi a busca pelo caráter dela.

- Essa coisa da menina de rua ficou no passado, não é presente na personagem, mas sim na marca que está nela. A Vitória não terá uma composição evidente de menina de rua, até porque há uma passagem de tempo de dez anos desde que ela e Pedro se conheceram. O importante foi definir o caráter dela - explica.

Pronta para defender com unhas e dentes sua nova obra, Cláudia não consegue ver semelhanças entre a Laura e Vitória. A não ser a classe social de ambas.

- A Vitória inicia a novela tão pobre quanto a Laura. E vejam como é determinante o caráter de uma pessoa: ela até tinha mais motivos para fazer tudo o que a Laura fazia, mas ela tem índole, é uma pessoa suave, romântica e forte. Isso o que acho mais legal nela.

Se, para a atriz, Laura ficou num passado distante, o mesmo não vale para os fãs da vilã. Basta dar uma olhada no site de relacionamentos Orkut, onde até hoje existem milhares de comunidades sobre Laura Prudente da Costa. Resta saber se Vitória conseguirá ter tanto sucesso como a cachorra preferida dos brasileiros.

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