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Claudia Netto emocionou a plateia do Guairão com sua performance de Judy Garland. | Bruno Tetto/Divulgação
Claudia Netto emocionou a plateia do Guairão com sua performance de Judy Garland.| Foto: Bruno Tetto/Divulgação

SERVIÇO

O musical "Judy Garland - O Fim do Arco-íris" tem mais uma apresentação nesta sexta-feira (6), em Curitiba, às 21h, no Guairão. Confira o serviço completo do espetáculo no Guia Gazeta do Povo

O Grande Auditório do Teatro Guaíra, mais conhecido como Guairão, não é o espaço ideal para toda e qualquer montagem. Com capacidade de receber mais de duas mil pessoas, uma ampla plateia e mais dois balcões, é uma casa de espetáculos mais adequada para balés, óperas, concertos com grandes orquestras e pode ser uma armadilha para peças de perfil mais intimista, que exijam uma proximidade maior do público, física e emocional. "Judy Garland – O Fim do Arco-íris", musical dirigido por Charles Möeller, que estreou ontem no Festival de Curitiba, felizmente não se encaixa nessa categoria.

Pelo contrário: o fato de o tradicional palco curitibano acomodar muita gente proporcionou a temperatura ideal para que a combustão que uma peça como "Judy Garland – O Fim do Arco-íris" precisa para decolar e acontecer.

O texto de Peter Quilter foca nos meses durante os quais aconteceu a derradeira temporada de Judy Garland (Claudia Netto) em Londres, onde morreria, no dia 22 de junho de 1969, de overdose de barbitúricos. Tinha quase 48 anos, muitas dívidas para pagar e tentava, com a ajuda do noivo, Mickey Deans (Igor Rickli), um rapaz muito mais novo do que ela, abandonar o álcool e as drogas.

Com problemas de peso desde a adolescência, e muito insegura, Judy foi vítima de uma mãe dominadora e ambiciosa, que nunca mediu esforços para fazer da filha uma estrela, ainda na infância. Aos 17 anos, quando estrelou o clássico "O Mágico de Oz"(1939), de Victor Fleming, a jovem atriz já fazia uso de drogas regularmente: anfetaminas, soníferos, antidepressivos, para emagrecer, dormir, manter-se de pé. E sob recomendação dos estúdios para os quais trabalhava.

Francisco Cuoco vive o terceiro vértice de um triângulo afetivo muito peculiar. O pianista inglês Anthony, personagem fictício e homossexual que representa, ao mesmo tempo, o melhor amigo, a imensa base de fãs gays que escolheram Judy como ícone e também a promessa de um amor sincero, capaz de escorá-la e ouvi-la sem julgamentos.

Com tradução de Claudio Botelho, parceiro constante de Möeller, "Judy Garland – O Fim do Arco-íris" é um texto teatral convencional, que assume um tom tragicômico, por conta do humor ferino, desbocado e autodestrutivo de Judy -- na versão brasileira, pelo menos, há um certo excesso de palavrões, que, para alguns, pode soar como um recurso apelativo, ainda que faça certo sentido. Outro ponto fraco é a construção por vezes caricata de Anthony, abusando de clichês para reforçar a ideia de que, sim, ele era gay, e, por conta disso, tinha de amar Judy.

O que salva, com louvor, o espetáculo da predicabilidade é a brilhante atuação de Claudia Netto, excelente atriz e cantora que consegue se impregnar de Judy Garland sem dela fazer uma personagem unidimensional.

A ação da peça transcorre em dois ambientes: em um quarto de hotel de Londres, onde os personagens estão hospedados, e no clube The Talk of the Town, palco das últimas apresentações da cantora e atriz. Trechos do show se intercalam aos confrontos entre os personagens, quase todos desencadeados pela incapacidade de Judy de se livrar de seus vícios, que eventualmente a levaram à morte.

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