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RESENHAS
»"Coco Antes de Chanel" diz muito às mulheres
»"Planeta 51" destrói os clichês
»"Julie & Julia": muito amor pelas coisas boas da vida
»"Eliezer Batista - O Engenheiro do Brasil" é um retrato do fundador da Vale
Os críticos mais azedos dizem que a moda é frívola. Não deixa de ser paradoxal então que a mulher que escreveu o capítulo mais importante da história da moda do século 20 desprezasse tanto os frufrus e excessos da aristocracia francesa do início do século passado. Mas este é apenas um dos vieses explorados por Anne Fontaine em "Coco Antes de Chanel" (assista ao trailer e veja as fotos), a cinebiografia da estilista Gabrielle Chanel (1883-1971), que finalmente aterrissa em solo curitibano nesta sexta-feira. Tudo está lá a infância num orfanato cristão, a juventude humilde da cortesã inconformada, uma personalidade orgulhosa e austera que aflora no terreno infértil das relações de poder mostrados com o mesmo virtuosismo cinematográfico de Piaf, filme de Fontaine que conta a carreira da cantora Edith Piaf (1915-1963).
Mas há muitas diferenças entre as duas grandes personalidades francesas. Chanel, interpretada por Audrey Tautou, não era um diamante bruto como Edith. Logo quando conhece Boy Capel, seu grande amor, ele mata a charada: "Você é elegante", diz. Ela está sentada num sofá lendo, de pijama de algodão branco masculino e cabelos desgranhados. Sua elegância e aplombe faziam parte de sua personalidade. E foi com eles e alguma ajuda financeira do amante que ela construiu o império dos dois Cs entrelaçados.
O filme dá sentido a algumas das criações de Chanel o uso do tweed, do jérsei, a apropriação da indumentária masculina, o "preto básico", os cabelos curtos retos que revolucionaram o conceito do vestir feminino. Mas, se for levado pelo lado didático, deixa algumas brechas. É acima de tudo uma história de amor e resignação, construída com a química do triângulo amoroso formado por Tatou, Alessandro Nivola (Bay Capel) e Benoît Poelvoorde, que interpreta Étienne Balsan, o primeiro amante de Chanel. Depois deles, vieram outros homens, mas a solidão e o cigarro foram os grandes companheiros de Chanel, que canalizou no ofício expectativas e frustrações. É uma história muito singular, mas que diz muito para todas as mulheres. GGG1/2
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