Revista
Coleção Fradim 25 Anos sem Henfil Morro, Mas Meu Desenho Fica. R$ 15 cada exemplar.
Em 2013, faz 25 anos que o Brasil perdeu o traço irreverente e singular do cartunista Henfil. Para homenagear a memória do humorista mineiro, está sendo lançada a Coleção Fradim 25 Anos sem Henfil Morro, Mas Meu Desenho Fica, que traz 31 revistas do mais corrosivo personagem do cartum nacional. As edições foram originalmente publicadas entre 1971 e 1980 pela editora Codecri, selo ligado ao jornal O Pasquim, do qual Henfil foi um dos mais importantes colaboradores durante a ditadura militar (1964-1985).
As revistas do Fradim foram um espaço contestador para Henfil marcar época no humor e no cartum nacional, com as tiras que mostram personagens como Cumprido, Baixim, Bode Orelana e Graúna.
O relançamento comemorativo foi organizado pelo filho do humorista, Ivan Cozenza de Souza. Já estão nas livrarias 18 números (há uma edição especial número zero que faz um apanhado de toda a coleção). Segundo Ivan, a ideia é de que até o primeiro semestre de 2014 todas as edições estejam disponíveis para novos fãs e velhos colecionadores.
"Como filho de Henfil, cresci lendo essas revistas, aguardando ansiosamente o lançamento de cada número novo e me deliciando com as histórias dos personagens, que meu pai dizia serem meus irmãos. A volta deles para mim, é como a volta de uma parte do Henfil", diz.
Influência
O traço rápido, as críticas mordazes e o sarcasmo deliciosamente impróprio de Henfil, desafiaram a censura do regime militar e influenciaram a vida política e social do país nos anos 1970 e 1980. Henfil participou ativamente de movimentos importantes como a Anistia o pedido pela "volta" de seu irmão, o sociólogo Herbert de Souza (Betinho), então exilado no Chile, foi eternizado na música o "Bêbado e a Equilibrista" de João Bosco e Aldir Blanc.
Henfil também foi o criador do bordão e do slogan do movimento Diretas Já, que clamava por eleições diretas para a Presidência da República em 1984. Artisticamente, Henfil foi muito relevante para toda a geração seguinte de cartunistas, como Angeli, Laerte e outros, que têm o mineiro como um ídolo.
"Ele influenciou todo mundo, mesmo eu que sou um pouco mais velho que ele. Ele pegou uma censura braba na ditadura e junto com todo aquele pessoal do Pasquim, Jaguar, Fortuna, Millôr, a nata do dito humorismo, que vai além do humor e faz um protesto em forma de arte falando coisas que o povo não podia dizer", afirma o jornalista e cartunista Francisco Camargo.
Além das posições políticas, Henfil foi um humorista completo. Fez cartum, charges e quadrinhos para os principais jornais e revistas do país, como Visão, O Cruzeiro, Realidade, IstoÉ, Placar, Jornal do Brasil, O Pasquim e O Estado de S.Paulo. Fez crônicas políticas, revistas em quadrinhos, livros muito bem vendidos e peças de teatro, além de dirigir o anárquico filme Tanga (Deu no New York Times), em 1987.
Biografia
Saiba mais sobre o cartunista, humorista e escritor Henfil:
Henrique de Souza Filho, o Henfil, nasceu na cidade mineira de Ribeirão das Neves. Cresceu e estudou em Belo Horizonte.
Estreou como chargista na revista Alterosa em 1964.
No ano seguinte, tornou-se colaborador do Diário de Minas, o primeiro de uma lista de grandes publicações brasileiras que abriram espaço para seus trabalhos.
Em 1967, muda para o Rio de Janeiro, onde faz charges esportivas para o Jornal dos Sports e colabora com as revistas Visão, Realidade, Placar e O Cruzeiro.
A partir de 1969, desenha para o semanário Pasquim e para o Jornal do Brasil.
Em 1970 lança a revista Os Fradinhos.
Seus cartuns e charges satirizam instituições, costumes e fazem crítica à política. Seus personagens mais conhecidos são Os Fradinhos, o Capitão Zeferino, a Graúna, o Bode Orelana e Ubaldo, o Paranóico.
Em 1975, muda para Nova York para fazer um tratamento de saúde e escreve o livro Diário de um Cucaracha.
De 1977 a 1980, Henfil torna-se colunista e cartunista da revista IstoÉ, escrevendo as "Cartas da Mãe", reunidas posteriormente em livro (1986).
Nesta época, engaja-se na luta pelo fim do regime militar, pela Anistia e pelas Diretas Já.
Participa da criação do Partido dos Trabalhadores (PT), para o qual produz cartuns e desenhos para confecção de cartazes, camisetas, bótons e outros produtos.
Hemofílico, assim como seus irmãos, Henfil foi contaminado pelo vírus HIV durante uma transfusão de sangue.
Seu drama, reflexo da negligência do Estado na gestão da saúde pública, mobilizou a sociedade numa campanha de conscientização sobre a aids.
Morreu no Rio de Janeiro, em 1988.