A adaptação para os palcos da saga dos imigrantes italianos que fundaram a Colônia Cecília, no final do século 19, foi feita sob encomenda para a celebração do 1.º Centenário do Teatro Guaíra, em 1984.
Para encenar Colônia Cecília, escrita por Renata Pallotini, o diretor Ademar Guerra que morreu em 1993 reuniu um elenco de 14 atores que integravam o Teatro de Comédia do Paraná TCP, da Fundação Teatro Guaíra. Entre eles, estavam artistas que fariam história no teatro paranaense como Edson DÁvila, Emílio Pitta, Fernando Marés, João Luiz Fiani, Luis Melo, Mário Schoemberger, Sueli Rocha, Suzy Arruda e Lala Schneider (que morreu no último dia 29 de fevereiro).
Para a nova montagem, o diretor João Luiz Fiani conta que procurou se desvincular ao máximo das lembranças que guardou da primeira montagem. "Não quis nem ver o vídeo", conta, referindo-se a gravação da peça arquivada no Teatro Guaíra.
De igual mesmo, só manteve o iluminador Beto Bruel e a fidelidade à interpretação lírica que Renata Pallotini deu a este capítulo da história brasileira. "Acredito que a autora encontrou na experiência do anarquismo de Colônia Cecília inspiração para a criação de um texto poético e esperançoso, magia onde se calca o teatro", escreveu o ator Oraci Gemba, então superintendente da Fundação Teatro Guaíra, no folheto de apresentação do espetáculo.
Renata Pallotini estreou no teatro em 1965, com O Crime da Cabra, que ganhou os prêmios Molière e Governador do Estado de São Paulo. Escreveu três textos sobre a imigração italiana, a trilogia O País do Sol, Colônia Cecília e Tarantella. Na televisão, foi redatora do programa Vila Sésamo. Em 1977, ganhou o prêmio de melhor roteiro da APCA pela telenovela O Julgamento, escrita em parceria com Carlos Queiroz Telles.
Desdobramentos
Após sua apresentação no Teatro Guaíra, Colônia Cecília serviu de inspiração para outras produções. A montagem virou filme na década de 80, sob a direção de Berenice Mendes, com elenco totalmente paranaense e locações em Palmeira, interior do Paraná, município que abrigou a colônia anarquista.
O ator Paulo Betti protagonizou o líder anarquista Giovanni Rossi na minissérie homônima à peça, exibida em 1989, na Rede Bandeirantes. De acordo com Fiani, ele fará parte da platéia de "conhecedores" da primeira montagem, formada também por Renata Pallotini e Oswaldo Mendes, autor do livro Ademar Guerra: O Teatro de Um Homem Só.
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