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Na próxima terça-feira, a Gazeta do Povo promove mais uma edição do Papo Universitário. Será no Teatro do Paiol e desta vez o tema será a produção musical de Curitiba. Foram convidados os músicos e produtores Paulo Juk (Blindagem), Rodrigo Lemos (A Banda Mais Bonita da Cidade e Lemoskine), Heitor Humberto (Banda Gentileza) e a cantora e compositora Karol Conká.

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Eles debaterão com o público com base em três perguntas previamente formuladas:

1) As bandas que começam na universidade dão certo?2) A falta de grandes espaços para shows interfere na produção musical?3) A música feita no Paraná é de qualidade?

Pois fiz as mesmas perguntas lá no Facebook. A unanimidade veio nas respostas à terceira pergunta. Aqui, como em todo lugar, tem música boa e música ruim. Vamos agora dar uma passada nas outras duas perguntas.

Para mostrar que as bandas que começam nas universidades dão certo, poderia citar a Sabonetes, que nasceu no Centro Acadêmico de Comunicação Social da UFPR e está em carreira ascendente no país. Mas para cada uma que "dá certo", existem dezenas que não chegam à formatura. O baterista e compositor da banda Terceiro Estado, Clodoaldo Paiva, levanta uma questão que deveria ser fundamental a qualquer banda: "O fato de estarem juntos por um único objetivo, que é se divertir e fazer algo que se gosta, já quer dizer que deram certo!".

No entanto, o próprio Paiva põe outra questão, que é a profissionalização. "Com o passar do tempo, o sonho aumenta e você almeja isso como uma possibilidade de ganhar a vida. Mas aí vem dois pesos e duas medidas: largar uma faculdade, seja lá qual for, em que você teve o apoio da sua família e vê um caminho de SOBREVIVÊNCIA, ou começar do zero uma nova carreira, sem apoio de ninguém, e iniciar uma CONVIVÊNCIA mais sadia consigo mesmo em primeiro lugar e com pessoas da sua confiança que possam partilhar do mesmo desejo de viver daquilo! O fato é... quando se faz o que ama e com verdade, não importa como, nem quando, nem onde, JÁ DEU CERTO!"

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O jornalista, produtor e músico Fernando Tupan vê problemas na sobrevivência de bandas jovens, universitárias ou não: "No Paraná, temos poucos programas para os jovens na rádio e na tevê e hoje a internet é a única válvula de escape. O que realmente interfere na formação de novos grupos é a falta de perspectiva profissional". E ele relata tentativas de criar mercado pela ação de fóruns, cooperativas e da Rádio Música Curitibana.

A cantora Rogéria Holtz arremata: "Acredito que a proporção das que podem dar certo começando em uma universidade e das que não começam lá está ligada aos mesmos fatores de talento, persistência e sorte. Aliás, já esqueci o que é 'dar certo'".

Quanto à falta de espaços para shows interfere no estado, há polêmica.

Para a musicista e poeta Estrela Leminski, "em Curitiba falta espaço no sentido mais amplo da palavra espaço! Falta espaço, bar, teatro, divulgação, crítica e etc. Isso está mudando por conta de várias iniciativas. Mas ainda falta".

O músico e advogado André Wlodarczyk concorda: "Faltam espaços e espaços adequados, que influencia em tudo. A difusão ao vivo é elemento fundamental na cadeia criativa e produtiva da música". Samuel Lago, empresário, produtor e radialista (Radiocaos), faz coro: "A falta de pequenos e médios lugares interferem negativamente". E o artista plástico e radialista Neri da Rosa também reclama: "Se tivéssemos espaços grandes e estruturados para as bandas locais mostrarem seu trabalho a resposta seria muito mais positiva".

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O músico Rafael Moro Martins põe lenha na fogueira de vaidades: "Se tivéssemos espaços maiores, será que eles seriam destinados a artistas locais? Não defendo reserva de mercado para a arte, mas o fato é que a produção musical mais interessante da cidade sempre esteve nos porões. Então, será que haveria público maior simplesmente com espaços maiores? Já cansei de ver bons artistas tocando pra cinco ou dez pessoas em lugares que ficam lotados com 50".

O psicólogo André Alves de Oliveira afirma que essa falta de grandes espaços pode não influenciar diretamente, mas, para ele, essa falta quebra um ciclo cultural da cidade. "Indiretamente, a maior incidência de shows, grandes festivais e atrações internacionais aumentaria a produção local."