Pizzicato
Dia do samba
A Fundação Cultural de Curitiba (FCC) está planejando, ao lado de nomes importantes do samba local, um grande evento com a participação das entidades negras da cidade para comemorar o Dia do Samba (2 de dezembro).
A ideia é começar na primeira quinzena de novembro, com a Lavação das Escadarias da Igreja do Rosário dos Pretos de São Benedito, e seguir até dezembro, com diversos shows pela cidade, e encerramento numa grande feijoada na Sociedade Universal.
Oxalá dê certo.
Ócios do ofício
Hoje, na programação da Semana Literária do Sesc, o duo Folebaixo apresenta composições inéditas inspiradas na literatura do escritor Manoel Carlos Karam. O espetáculo traz ainda trechos recitados de pequenos textos, frases e ideias do autor. Acontece às 18h30, na Praça Santos Andrade, com entrada gratuita.
Na festa de hoje à noite, no segundo andar do casarão que abriga o Vox Bar, na rua Barão do Rio Branco, vai dar para ver um pouco do que temos de melhor na produção musical do ano 2013 na tão cantada em versos "cena" independente da cidade. O anfitrião é o Cacique Revenge que lança oficialmente seu primeiro EP, com cinco canções gravadas no estúdio Ouié/Tohosound de Florianópolis.
O álbum é digital, mas o truque do lançamento é que você leva para casa um belo Album Magazine um "gibi-conceito" que acompanha os lançamentos digitais do selo Sic Music, com arte de Mariana Zarpellon, inspirada pelo som da banda. Uma ideia boa e bem resolvida. A banda vai tocar seu rock "sacana" no agradável lounge do Vox e depois a discotecagem fica nas mãos do Audac. Uma grande pedida.
Abu e Careqa no Paiol e por aí
Deu gosto ver o Teatro do Paiol abarrotado duas vezes na semana passada. E deu sorte o povo que saiu de casa, pois pôde assistir a dois espetáculos memoráveis. Começou na última quarta-feira, com o (meio-curitbano) Carlos Careqa. Em grande forma, ele executou as belas canções de seu disco Made in China, apresentou os hilários e ultrajantes temas infantis de seu projeto Palavrão Cantado. E foi o comediante escrachado que só ele consegue ser entre as músicas. Careqa é um daqueles artistas que ocupam o palco inteiro, quase um "Di Stefano da Vila Guaíra". Ele canta, se contorce, rola, finge de morto e assim domina o plateia.
Desde o primeiro show dele que vi, em outra encarnação, nos anos 1990, também no Paiol, me chamou a atenção a peculiar esquizofrenia do cantor e compositor (e novo amigo de Chico Buarque).
Suas canções têm melodias e harmonias sofisticadas, delicadas até, com letras desbragadamente líricas e inspiradas em filosofia oriental. Assim que elas acabam, em um segundo ele encarna um endiabrado malas-artes e nisso ele é também é muito bom.
Se Careqa ocupa o palco, a presença do ator e diretor Antonio Abujamra, sentado em uma cadeira, toma o teatro inteiro. Abu pai apresentou seu monólogo de provocações como a chave de ouro da festa de polaco do RadioCaos onde fez o que faz melhor: interpretou grandes textos da inteligência mundial falando de temas como a loucura, o Brasil e a indústria cultural.
O povo ouviu com reverência quebrada apenas no final, quando ele dividiu com a plateia o fardo que foi carregar a marca do personagem Ravengar (quem se lembra?) na tevê e desembestou a falar sacanagens (é disso que o povo gosta, afinal) ao narrar a sua malfadada experiência no cinema americano.
Antes, na sexta feira, Abujamra já tinha dobrado a proverbial timidez curitibana. Dando ordens ríspidas, como um general lituano, ele colocou umas vinte pessoas formadas em fila indiana para ler poemas de Fernando Pessoa na Fnac.
Ele, inclusive, interpelou um sujeito que tomava calmamente seu suco de laranja na lanchonete da livraria e ordenou: "Você, termine logo essa porra e vá ali ler um poema!" E o cara foi até o microfone e leu sem gaguejar. Grande Abu.
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