Guilherme Arantes volta à cena na Corrente Cultural| Foto: Divulgação

A Corrente Cultural deste ano começa sob um signo bom. Dar flores em vida a Waltel Branco, o músico mais importante da cidade em todos os tempos, é um acerto e faz olhar para a coisa toda com bons olhos. Mas a próxima edição da Corrente também tem singularidades que pedem um exame mais detalhado.

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A primeira é a maior dissociação possível entre a Virada Cultural organizada pelo governo estadual e a Corrente encabeçada pela Fundação Cultural de Curitiba. No ano passado, os eventos se confundiram. Hoje, porém, quando grupos políticos antagônicos e com confronto marcado para 2014 comandam as respectivas organizações das festas, ambos os lados preferem que cada macaco fique no seu galho.

Ainda que os gestores culturais do estado e do município ajam de maneira republicana e cordial, com a Secretaria Estadual de Cultura sendo a parceira mais importante do evento na capital e bancando o palco da Boca Maldita. Onde, em minha opinião, estão programadas as atrações mais interessantes.

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No que toca a programação, o evento de Curitiba conseguiu chamar nomes de boa popularidade de gerações diferentes. Para fins nostálgicos como a Blitz ou "étnicos" como o Gaúcho da Fronteira – que em sua última visita à cidade derrubou um inferninho. O rapper sensível Criolo e a estrela tecnobrega Gaby Amaranthos chegam à Boca Maldita no auge e veteranos como Moraes Moreira, Guilherme Arantes e Martinho da Vila vivem, cada qual a seu modo, momentos interessantes em suas carreiras.

Arantes está sendo "redescoberto", Martinho acaba de lançar livro, discos e DVDs de antologia com muito sucesso. Moraes Moreira promete cantar todo o clássico álbum "Acabou Chorare", dos Novos Baianos, para alegria de descolados, bichos-grilos e doidões em geral. A ideia da escalação é parecida com a Virada Cultural estadual, que colocou inteligentemente Jair Rodrigues em Cianorte e Almir Sater em Cornélio Procópio. É certo que sempre dá para discutir as escolhas e a falta de relevância ou qualidade de alguns nomes. No geral, porém, parece que a programação nacional está equilibrada e bem resolvida.

Quanto aos artistas locais, ainda não se sabe a maioria dos nomes. Neste ano, a FCC resolveu fazer uma seleção por edital. Duzentos e quarenta bandas e artistas se inscreveram, fora as que não conseguiram por falta de documentação. Juro que gostaria de ver essa lista, pois imagino não conhecer a metade dos nomes.

Como em editais muitos são os inscritos, mas poucos os escolhidos, é evidente que haverá chiadeira dos preteridos. Algo que saberemos apenas no final desta semana, com a divulgação da lista final.

Dos nomes já anunciados para os palcos principais, o destaque local é para Karol Conka e Alexandre Nero cantando temas de Vinicius. Há também duas novidades legais: um palco para heavy metal e hardcore no TUC (o lugar certo) e um palco com microfone aberto para artistas de rua e transeuntes em geral. Um grande chapéu vai passar entre o público para custear o cachê dos artistas. Pode ser divertido.

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E no final das contas, deu sorte a FCC com a recusa do cantor Djavan. O alagoano era a primeira opção para um dos shows de encerramento. Lenine o substituiu. Sorte porque, entre todas as manifestações das vacas sagradas da MPB na polêmica das biografias, a do alagoano foi, de longe, a mais infeliz. Na forma e no conteúdo. Perigava tomar vaia em plena Praça Carlos Gomes.