Blindagem: disco homônimo que marcou a história do rock paranaense| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Ano Novo, vida nova. Hora de lembranças, balanços e projetos. Lá no final desta coluna, uma letra de música que reflete este momento. Uma música do Paulo Leminski, lançada pela banda Blindagem, esta que é uma das mais cultuadas e uma das mais injustiçadas de Curitiba, a quem rendo minhas homenagens para encerrar um ano e iniciar outro. Com elas, a música e a Blindagem, desejo a todos um 2010 de inovação, sem esquecer os que primeiro trilharam este caminho do rock local. Desejo a paz e a calma dos que sabem o que estão fazendo somadas à inquietação e à agitação dos que buscam o novo, dos que tentam aquilo que quase ninguém tentou, que correm à frente do seu tempo. Senta, que lá vai história. No comecinho dos anos 80, mais precisamente em 1981, o grupo Blindagem conseguiu lançar pela então poderosa gravadora Continental o seu primeiro disco, homônimo à banda. Teria sido este o principal disco do rock paranaense? O mais representativo e fundador de um trabalho que se prolonga por 30 anos? Antes dele, a Chave já havia lançado um compacto simples, o único da carreira da banda – explico para os mais novinhos: compacto simples é uma espécie de EP, um disquinho em vinil com duas músicas, uma de cada lado. No lado A, a música "Buraco no Coração" e o B com "Me Provoque pra Ver". A Chave é, sem dúvida, a maior lenda do rock paranaense, por tudo o que fez, por iniciar, ainda nos anos 60, um trabalho pioneiro e inovador e ter passado o bastão para a Blindagem, dez anos depois.

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Então, preservando-se toda a qualidade, o pioneirismo da lendária A Chave, ainda assim e porque esta não deixou trabalhos gravados – um pirata foi descoberto em 2004 –, para mim, o disco Blindagem (que, infelizmente, não tenho) pode ser considerado o disco seminal do rock paranaense. Além da música que eu reproduzo a letra a seguir, em sintonia com o momento de fim de ano, outras de Paulo Leminski estão no disco. E aí está uma das injustiças contra a banda porque na maioria das biografias e levantamentos das obras de Leminski, essas gravações da Blindagem (assim como o trabalho com A Chave), são omitidas. Estão ali, por exemplo, "Oração de um Suicida" – e pouco mais tarde, Pedro, irmão de Paulo, que ajudou a escrever a letra, cometeria suicídio. Estão lá também as músicas "Marinheiro", "Gaivota", "Não Posso Ver" e até uma regravação da dupla Milionário e José Rico, "O Berço de Deus", transformada em blues. Este disco teve a colaboração de Almir Sater (sim, quem diria), que foi "apagada" quando o LP foi reproduzido em CD e ganhou outras duas canções extras: "Verdura", que havia recebido gravação de Caetano Veloso, e "Se Houver Céu", declamada pelo próprio Leminski.

Em homenagem ao Leminski, à Blindagem e ao clima de fim de ano, lá vai a letra de "Valeu": "Dois namorados olhando o céu/ Chegam à mesma conclusão/ Mesmo que a terra não passe/ Da próxima guerra/ Mesmo assim valeu/ Valeu encharcar/ Este planeta de suor/ Valeu esquecer as coisas/ Que eu sei de cor/ Valeu encarar esta vida/ Que podia ser melhor/ Valeu/ Valeu/ Mesmo assim valeu".

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