Quando iniciei esta coluna sobre música paranaense, aqui neste cantinho da Gazeta do Povo, em maio de 2008, um ano e meio atrás, pedi as bênçãos ao mestre Waltel Branco, talvez o principal nome musical do estado. Dia 22, domingo, é o Dia do Músico ou da música, como preferem alguns. É dia também em que Waltel completa 80 anos, quase 65 deles dedicado à música profissional. Pois, neste domingo, a partir das 11 horas, a Biblioteca Pública do Paraná abre as portas do seu auditório para um show-celebração ao maestro, violonista, compositor e arranjador nascido em Paranaguá e de tantas e incríveis histórias. O espetáculo leva o nome de Dia do Grande Mestre.
A data é tão importante que Carlos F. Mazza, o Mazinha, decidiu retomar a vida de produtor para montar banda e cantoras que interpretarão as músicas do mestre. Mazinha foi responsável pela produção de grandes e importantes shows da música brasileira, inclusive no Projeto Pixinguinha, quando morava no Rio de Janeiro, mas havia muitos anos que não se dedicava mais a este trabalho. Decidiu voltar agora, para homenagear o maestro, seu parceiro de Boca Maldita. Conseguiu, num elogiável esforço, conciliar as agendas e reunirá no mesmo palco músicos requisitados e ocupados, como Rogéria Holtz (voz), Norma Cecy (Voz), Fernando Montanari (piano), Saul Trumpet (trompete), Endrigo Bettega (bateria), Vinícius Sete Cordas (violão), Matoso (sax) e Cris (baixo).
Felizmente, Waltel não tem sido esquecido nos últimos anos. As homenagens acontecem e talvez a mais importante delas tenha sido a publicação do livro A Obra para Violão de Waltel Branco, que selecionou, catalogou e produziu partituras de 45 composições do músico paranaense, numa iniciativa do produtor Alvaro Colaço e do músico Cláudio Menandro, com participação dos violonistas Paulo Bellinatti e Mário da Silva, além de textos produzidos pelo jornalista Zeca Corrêa Leite. Menandro já havia gravado um disco em homenagem ao maestro (Tributo a Waltel Branco , de 2006). Waltel também recebeu homenagem em disco da Orquestra à Base de Corda, do Conservatório de Música Popular Brasileira, da Fundação Cultural de Curitiba, em 2007, além de um filme, Descobrindo Waltel, de Alessandro Gamo, em 2005.
O livro vem surtindo efeito, pois vários músicos do país o receberam e, além de agradecer pela importante contribuição ao estudo de violão, passaram também a tocar Waltel Branco em seus recitais. O músico e pesquisador Carlos Walter escreveu recentemente um brilhante artigo sobre o músico parnanguara, que você pode ler na internet no seguinte endereço: http://violao20-site.beta.14bits.com.br/waltel-branco/
Resumindo, para quem se é que isso seja possível ainda não conhece Waltel Branco, vai o que escrevi na minha primeira coluna: "Ele é maestro, compositor, violonista, arranjador, precursor do jazz-fusion nos Estados Unidos, precursor da bossa-nova no Brasil, professor de Baden Powell, arranjador de discos do João Gilberto, autor e arranjador de trilhas de novelas da Globo, arranjador das músicas do filme A Pantera Cor-de-Rosa, (junto com Henry Mancini e Quincy Jones), entre outras inumeráveis atuações."Ainda tem alguma dúvida da importância dele? Então lá vão outras informações: os maestros e compositores Guerra Peixe e Radamés Gnattali lhe renderam homenagens em forma de composições. O maestro Julio Medaglia escreveu sobre ele na capa do LP Waltel Branco Recital: "...o excelente violão que Waltel toca faz parte de toda uma personalidade e vivência musicais cheias de componentes. "Ele não faz parte daquele bando de artistas cuja vida se resume nos 30 centímetros do braço do violão. Waltel atua em mil diferentes faixas porque ele conheceu mil diferentes tipos de música em sua vida."
Parabéns ao Watel pelo aniversário e a Mazinha pela produção. Toda homenagem vai ser pouca para agradecer a música que Waltel nos deu.