Amores, paixões, desilusões amorosas, encontros e desencontros. Quantas músicas foram feitas para as coisas do coração? E quem irá dizer que não existe razão? Os motivos amorosos provocaram dois bons discos em Curitiba neste segundo semestre. Um deles, uma obra de amor, um presente do coração para a pessoa amada. O outro, obra de amor despedaçado, canções angustiadas de um período de separação, mas não menos românticas.
O primeiro é o disco de Melina Mulazani, a Mê. O segundo é o CD da banda Easy Players. Tanto o amor quanto o desamor constróem. Viram música. Além das motivações, os resultados e estilos também são bem diferentes. Vamos a eles.
Mê e O Monstro Careca da Barriga Esburacada de Petipavê
Este disco ( www.reverbnation.com/memulazani ) é uma história de amor que gerou um belo rebento. André Abujamra apaixonou-se
pela cantora Melina Mulazani e veio morar em Curitiba. Produziu e dirigiu o disco inteiro como prova desse amor. Ela retribuiu com sua voz e com belas composições que somaram-se às de Abujamra, parcerias e outras canções.
O disco expõe toda a versatilidade da voz de Mê, que já é conhecida por aqui pelo trabalho no Mundaréu, mas ainda não havia gravado um disco solo. Vários ritmos e batuques eletrônicos e orgânicos. A voz pode ser falada, quase gritada, como na música título do CD. Mas pode ser suave e límpida como na música "Não Me Deixe", uma declaração escancarada de amor de André para ela: "Não me deixe/ Apagar o passado é impossível/ Mas podemos nos amar até o infinito".
A criatividade de Abujamra fica evidente na produção musical caprichada, feita com amor. Esparrama-se e por vezes toma conta do trabalho, mas logo o devolve à amada que o retoma com competência e cumplicidade. O disco é um presente apaixonado que beneficia com a generosidade amorosa aquele que o ouve.
Easy Players Loving Sessions
Já do outro lado da estrada amorosa, encontra-se uma banda de rock, a Easy Players (http://www.myspace.com/easyplayers ). Ian Lokin, Lausac Beaumont, Juan Castilho, Martina Faccini e Eufrida De La Rua são codinomes artísticos dos conhecidos músicos Norberto Pie, Cassiano Pires, Marcus "Coelho" Gusso, Cristiane Thainy e Andreza Michel. Quando se reuniram, quase todos passavam ou tinham passado por um processo de separação. A criatividade também serve para expurgar a dor. E da ruptura fez-se a arte. Amorosa, apesar de tudo.
Imagine um encontro da cidade americana de Nashville com a inglesa Manchester. Pense em uma conversa entre Ian Curtis e Leonard Cohen, intermediada pelo Neil Young. Consegue imaginar? Vamos tentar mais um pouco. Lembre do som do Joy Division, com aquela parede sonora à frente de tudo, o baixão de Peter Hook tocando no alto, em dupla com a voz de barítono de Ian Curtis. E agora imagine baladas de amor, rascantes, mas menos deprimentes do que as letras de Curtis. Lembre de baladas de Neil Young e Leonard Cohen. Se você conseguiu me acompanhar, e montou esse cenário sonoro em sua cabeça, chegou perto de uma descrição para o som da banda curitibana Easy Players, que lança o seu primeiro EP, Loving Sessions.
Dor de cotovelo misturada com tentativa de conquista. "I'll give you my life / I'll give you the sun / If I could must find / a way to your heart", diz a letra da música "A Way to Your Heart". O amor em súplicas como é a paixão que não se vive, mas se imagina. O amor que não está presente além dos pensamentos. E a banda mostra isto com uma rara parceria entre um baixo melódico (Coelho) e a voz grave de Norberto Pie, que deixam a dor do amor ainda mais íntima, sofrida.
Os melhores do ano
Agora que falamos um pouco de amor, respire fundo e pense no que viu e ouviu no ano. Vamos listar os melhores e os piores trabalhos do ano. Mandem suas sugestões para mim pelos seguintes contatos: e-mail (luizs@rpc.com.br), Twitter (@sobretudo) ou nos comentários dos posts sobre o assunto no Blog Sobretudo (www.gazetadopovo.com.br/blog/sobretudo). Mas não esqueça de colocar sempre a expressão #acordeslocais.
Já recebi várias indicações e estou esperando a sua.
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