O disco quase autossuficiente de Anatole Klapouch

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A música é uma atividade gregária. Ouvir música, por momentos, pode ser íntimo e particular, com o ouvinte sequer precisando saber quem fez e quem toca a música que o deleita. Porém, o ofício musical é gregário. Mesmo que o compositor esteja só, ele jamais vai pensar em criar algo para que ninguém ouça. Idem o músico, que se alimenta dos olhares e expressões de quem ouve. Fazer arte é compartilhar, seja com os parceiros ou com o público. Aquele cara sozinho que escuta uma canção com fone de ouvido também é público. Sempre há uma conexão.

Alguns músicos, no entanto, parecem ser quase autossuficientes. O curitibano Anatole Klapouch é um deles. De novembro de 2008 a março de 2009, ele trancou-se sozinho em seu home estúdio para gravar o disco Entre Mares, que está chegando ao público (veja e ouça em http://palcomp3.com/anatole). É um compositor e multi-instrumentista que, para as 11 músicas do disco, tocou violão, guitarra, baixo, bateria, teclado e viola, além de cantar. Tudo para mostrar um pouco das composições que tem em dez anos de carreira, dividida em grande parte com as bandas Slobs e Bispo Louco, segundo o material informativo do CD.

Apesar de quase autossuficiente, Klapouch não está sozinho no disco. Ele tem os parceiros compositores Paula Vítola, Marcelo Trancoso, Thaissa Men­des e NuNuNo Griembach. Entre Mares abre com a música "Os Três Tempos", parceria com Marcelo Trancoso que tem uma levada de rock rural, com uma letra otimista. Depois vem "Ca­­misa de Força", parceria com Paula Vítola que mantém a levada do violão de aço, mas a letra é bem menos otimista. A terceira é "Me Diz", mais rock, mais guitarra e drama. A sequência tem "Entre Olhares" (que dá para imaginar sendo cantada por Dinho Ouro Preto), estas duas e mais a oitava, "Do Meu Jeito" (história de uma difícil separação), são as que o compositor assina sozinho. "De Repente um Dia", é a quinta canção, outra parceria com Paula Vítola, um belo rock ("Você do meu lado/é céu, é precipício/ e eu do teu lado/ sou mel, sou mais que vício/ mas um dia, um dia/ ficará tudo bem"). Paula com suas belas letras é parceira também em "Sombrinha Amarela", quase uma marchinha ("moça da sombrinha, da sombrinha amarela/ que atravessa a avenida principal/ se eu pudesse eu te seguia com uma banda marcial"). A vida e o disco seguem com "Puta merda, eu te amo!", uma bem-humorada letra de Marcelo Trancoso; "Autossa­botagem", parceria com Thaissa Mendes, que remete vagamente ao punk rock; "Zefini", com NuNuNo Griesbach, que também assina a parceria em "A Janela", que fecha o disco. Na minha cópia, mas não na internet, ainda há uma bela surpresa na continuação desta música, um solo de viola desgarrado de toda a proposta do disco, mas que nem por isso deixa de ser belo.

Anatole Klapouch, na internet, ainda colocou mais uma música "Minha Sina Serpentina", parceria com Paulo Vítola, com a qual concorre ao Festival Kaiser Sound (www.kaisersound.com.br), que acontece em vários bares de Curitiba. Anatole fará o 1.º show de eliminatória no próximo dia 18, no Era Só o Que Faltava...

E, como a música é gregária, reúne a turma e vai de uma para outra. No mesmo Festival Kaiser Sound, está classificada para a próxima fase a estreante Trapo­­banda – a Misteriosa Tru­­pe da Trapolândia. Uma trupe divertida que faz ska e se diz vindo da Trapolândia, algo assim como o Tangos e Tragédias, que veio da Sbornia, mas mais musical e menos teatral – pelo menos por enquanto. Fiquem de olhos e ouvidos ligados nesses meninos. Segundo a página deles no My­­Space (http://www.myspace.com/trapobanda), a banda toca no dia 19, às 19 horas, no Centro Politécnico da UFPR e no dia 21, às 20 horas, no Sesc da Esquina.

Anna Toledo na Educativa

Assisti a um musical da Anna Toledo na TV Educativa, no Programa EnCanto, sábado à noite. Ela explicou que, como cantora, para se diferenciar das muitas e boas que sempre surgem, decidiu-se pela busca da sintaxe sulista e cantou algumas músicas de Lupicínio Rodrigues muito bem. Mas também cantou, em momentos altos do programa, "Amendoim Torradinho", de Henrique Bel­­trão, e "Saudade Mata a Gen­te"!", de João de Barro e Antonio Almeida. Parabéns à TV Educativa pelo programa.