Esta semana serviu para nos lembrar que moramos em Curitiba. Frio e chuvisco interminável para pegar desprevenido quem havia se esquecido. Assim como a chuva, há um mantra interminável, porém inverídico, que afirma incansavelmente que em Curitiba não há samba e que o nosso carnaval deveria ser transformado em um festival de inverno (porque aqui chove e faz frio também no verão). Tudo bem como piada. No entanto, nem vale a pena entrar nessa discussão anacrônica. O fato é que o samba existe e resiste há muito tempo. E se renova também sob o frio e a chuva deste outono curitibano. Em várias vertentes e interesses, do samba de raiz ao samba-rock. Assim como na coluna da semana passada, vamos mostrar três evidências.
Os Milagrosos Decompositores
Poderia ser enquadrado na categoria samba-universitário, ou samba-festa, já que mistura tudo e faz um som para ser dançado e suado com junção de diversos estilos. Como a própria banda escreve em seu site (www.decompositores.com.br): "Pronta pra tocar em qualquer evento que demande alegria e energia, a banda Decompositores apresenta números que vão da MPB tradicional ao samba-funk, do baião ao blues, com nuances de rock-and-roll." A banda formada por Ariel Mujica (gaita e voz), Luciano Gatto (violão e voz), Fábio Abu (guitarra), Fernando Schubert (baixo), Samir "Saman" (bateria) e Macarrão (percussão e coro), está lançando disco nesta sexta-feira, na Faustus Music Show (faustusms.com), que fica na Rua Mateus Leme, 3690.
Quem já viu show dos Decompositores sabe que eles fazem releituras de muita gente, no entanto, a proposta do disco é de um som autoral. Serão 11 músicas próprias compostas pelo vocalista Luciano Gatto (algumas em parceria com outros colegas de banda) e o cover "Não Vem Que Não Tem", de Carlos Imperial, que ficou conhecido na voz de Wilson Simonal. O disco foi totalmente gravado às próprias custas e com produção deles mesmos. É essencialmente um som dançante, bom de pé e de cintura, que tem no samba a base e se expande por outros ritmos "prapular". O grupo é dos mais requisistados na noite curitibana e toca como atração fixa em quatro bares da cidade: Empório (toda terça-feira), Esvedra (quarta), Corcovado Bar (quinta-feira) e domingos (Bar Matriz e Filial).
Segunda evidência
No sábado, dia 10, das 15 às 19 horas, na Sociedade 13 de Maio (Rua Clotário Portugal, 247, São Francisco), o pesquisador João Carlos de Freitas lança o livro Colorado A Primeira Escola de Samba de Curitiba. Conta a história, lógico, dessa escola de samba fundada em 1946, por Ismael Cordeiro, também conhecido por Maé da Cuíca, e outros 15 sambistas e trabalhadores da antiga Rede Ferroviária (que também fundou o antigo time Ferroviário, hoje Paraná Clube). A história da escola fundada na Vila Tassi é contada, resgatando-se registros históricos e depoimentos de sambistas remanescentes. No lançamento do livro, haverá show de samba com Maé e seus Batuqueiros. Samba tradicional de primeira.
Terceira evidência
O projeto Samba do Compositor Paranaense, que assim como o livro acima é apoiado pela Lei de Incentivo à Cultura de Curitiba, está promovendo um concurso de composições de samba. Já começou em março e prossegue durante o ano até novembro. A cada mês, serão escolhidos os melhores e, no final, será gravado um disco com os 11 vencedores (os nove campeões de cada mês e mais dois escolhidos em uma "repescagem"). Para o projeto, foi criado um site (www.sambadocompositorpr.com.br), que contém as instruções de inscrição e o regulamento. Em cada etapa, os compositores inscritos serão acompanhados pelo Regional Paranapoeta, criado exclusivamente para o projeto e composto por músicos renomados do samba e do choro paranaense, como Daniel Miranda, Felipe Cubas, Julião Boêmio, Léo Fé, Ricardo Salmazo, Vinicius Chamorro e Xandi da Cuíca.
Mesmo que chova e faça frio, é samba o ano inteiro em Curitiba.
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