Curitiba esteve festiva no sábado passado. No São Francisco, a Quadra Cultural teve atrações musicais, etílicas, comerciais e de serviços. Perto dali, algumas pessoas faziam um movimento mais informal, de retorno de um hábito de reencontrar amigos aos sábados no Passeio Público. Tanto para um quanto para outro, não faltou quem criticasse. Sobre os dois, dou aqui minha opinião.
Começo pelo Passeio. O que ocorre ali é um movimento saudosista de amigos que querem voltar a frequentar aos sábados esse local, que é um bom ponto de encontro, com ótima localização, bonito e agradável. O ator, diretor e dramaturgo Enéas Lour foi quem lançou, pelo Facebook, um convite à sua legião de amigos para um reencontro.
A partir daí, o convite foi compartilhado por muita gente e virou quase um movimento, embora totalmente informal. O primeiro encontro aconteceu no sábado anterior ao carnaval. Depois, algumas pessoas, informadas ou não, lançaram críticas, dizendo que o Passeio nunca deixou de ser frequentado, o que é verdade indiscutível. Há sempre por ali muita gente, se exercitando, crianças brincando no parquinho, homens jogando damas, dominó e truco nas mesas de jogos, alguns namorando, outros passeando e ainda os que buscam aventuras mais carnais.
A iniciativa foi acusada de tentativa de elitização do espaço. Como seria essa elitização não ficou bem claro. Será que temem que se cobre ingresso? Ou que só possam entrar ali pessoas usando roupas de grife? Ou temem que os preços do restaurante e da pipoca aumentem?
Eu, de minha parte, aderi a esse movimento informal e espontâneo. E torço para que, com ainda mais gente, o Passeio Público seja mais bem cuidado, que os banheiros fiquem permanentemente abertos e limpos, que os equipamentos estejam sempre funcionando, que a comida do restaurante melhore de qualidade e que aquele chafariz horrível volte a se transformar em um palco flutuante com apresentações artísticas (o projeto Música nos Parques, da Fundação Cultural, já incluiu o Passeio como um dos pontos a receberem apresentações). E que continue sempre aberto a todos, como sempre foi.
Há quem proponha também uma mudança de propósito, com a retirada dos animais ali enjaulados. Outros já pensam em mudar o paisagismo e abrir novos restaurantes, mais sofisticados, que atraiam turistas.
Enfim, um simples convite de uma pessoa para seus amigos se reencontrarem no Passeio Público originou um bom debate urbano. Isso faz bem para a cidade.
Quadra Cultural
A cerca de 500 metros do Passeio, no mesmo sábado, a quinta edição da Quadra Cultural promovia atividades infantis, corte de cabelo e de barba de graça, venda de comida e bebida (não podia entrar garrafa nem bebida destilada), barracas para comércio de discos e roupas, fotografias sendo distribuídas gratuitamente e ótimos shows musicais das 11 às 21h30.
Quase não aconteceu, por razões que vão da burocracia na transição de governo a ciúmes partidários, passando por alguns vizinhos que reclamaram do transtorno desse dia de festa na rua. A burocracia e a politicagem nem merecem comentários. Os vizinhos, sim, merecem mais atenção.
Não deve ser fácil para quem não gosta de festa ter de aguentar a movimentação, o fechamento das ruas e o não poder sair ou chegar de carro em suas próprias casas. Esses vizinhos, de alguma forma, têm de ser recompensados. Afinal, estão abrindo mão do seu sossego em prol de um benefício à cidade. Não sei como pode ser feito, envolve muita conversa e entendimento.
No entanto, é um dia só e qualquer evento ao ar livre sempre vai causar algum tipo de transtorno para alguém. Que o digam os vizinhos de feiras livres que passam por isso a cada semana.
Eu acredito que o povo nas ruas traz mais segurança, além de propiciar a discussão sobre urbanidade. Se não fossem ações como essa e outras promovidas pelos comerciantes vizinhos, a região do São Francisco já estaria toda deteriorada. A Quadra Cultural faz bem para a região e para a cidade.
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