Há dez anos, conheci o carioca mais curitibano de todos. Um cara que sabe levar a vida na batata. Estou falando do Robert Taylor Amorim, mais conhecido como Beto Batata. Desde que ele abriu seu restaurante, o original, no Alto da XV, a cidade nunca mais foi a mesma. Beto inaugurou, junto com o ambiente comercial, um período de intensa atividade cultural na noite curitibana. Na outrora pequena casa de madeira, no meio das frigideiras e de um cheirinho delicioso, começaram a aparecer artistas plásticos, fotógrafos e músicos de várias tendências. Bom gosto, improvisação e boa comida fazem os clientes se sentirem na cozinha da casa de um bom e receptivo amigo.
Desde sempre, Beto Amorim estimulou, prestigiou e patrocinou a cultura curitibana. Deu seu apoio aos artistas locais e fez um interessante intercâmbio trazendo artistas, principalmente músicos, de fora. Grandes nomes da música instrumental brasileira passaram por ali ou para tocar ou para comer e passar bons momentos. Os representantes do choro e do jazz de Curitiba também trocaram incentivos com o restaurante. Funciona assim, a casa incentiva a boa música que incentiva a frequência, e todos crescem.
Os dez anos do restaurante Beto Batata foram comemorados no fim de semana passado com três dias de festa (festa de polaco, como convém a Curitiba). Muita música rolou, um livro foi lançado, exposições foram apresentadas e ideias e sonhos foram revelados. Beto Batata é um presente para a gastronomia e a vida cultural de Curitiba.
Foi lá, no sábado, que eu conheci o trabalho do grupo Jacobloco. Nascido em um "concorrente", no Bar Jacobina, o conjunto mostra muita força em uma mistura energética e alegre de samba e marcha. Músicas tocadas em uma velocidade incrível, uma pegada de maracatu nos instrumentos percussivos que faz até os frios curitibanos se chacoalharem nas galochas. Músicas conhecidas, que vão do samba enredo às marchinhas carnavalescas, da jovem guarda ao caipira, das mocinhas da cidade ao fio maravilha, tudo numa pegada arrebatadora que reconstrói essas músicas para uma linguagem rápida, percussiva e dançante. A alegria com que os músicos tocam também é contagiante. Um belo show deste recém-formado grupo que deve ter um longo e promissor caminho de alegria transbordante pela frente.
E como o Beto não para, ainda bem, vem mais novidades por aí. Com o irmão, o Amorim, vão recriar um dos espaços mais charmosos da boemia curitibana, o Bar 21, que durante anos funcionou ali, na esquina da Marechal Deodoro com a Dr. Muricy. Já mandaram restaurar duas das antigas mesas de sinuca que serão instaladas no segundo andar da casa nova do restaurante.
Programe-se para junho
Chega junho, o mês que traz o inverno para Curitiba, do jeito que curitibano gosta. E tem muita coisa de música para esquentar a cidade. Dou algumas dicas na música local. Programem-se e aproveitem.
Nesta quinta-feira, a Orquestra à Base de Sopro grava seu primeiro DVD, com a participação de Arrigo Barnabé, que compôs para o grupo a obra Metamorfose. Será no Guairão, às 20 horas. Ingressos a R$ 20 e R$ 10. O grupo interpreta ainda Clara Crocodilo, obra que marcou a carreira do também paranaense Arrigo. Leiam reportagem no Caderno G de amanhã.
O compositor e violeiro Rogério Gulin lança seu segundo trabalho em disco próprio, desta vez acompanhado do grupo Terra Sonora, do qual também faz parte. O CD Orvalho será lançado oficialmente em shows nos dias 16, 17 e 18, no Teatro Paiol. O Paiol volta a ter uma movimentação digna de sua importância para a cidade. Fiquem atentos, pois por lá passarão também os espetáculos de Julião Boêmio e Nilze Carvalho (dias 5 e 6), Baque Solto (dia 9), Cláudio e Cauê Menandro (dias 13 e 14) e Grupo Bayaka (dias 26, 27 e 28).
No pop rock, os destaques vão para o lançamento do CD Deus e os Loucos da boa banda Anacrônica, no Jokers, na sexta-feira (dia 5). Nevilton, grupo de Umuarama, toca amanhã, no James Bar. Trem Fantasma, Giovani Caruso & o Escambau tocam no Basement Pub, onde a animada e competente banda Mordida volta aos palcos com o show Gigante Marshmallow, no dia 13.
O Espaço Cultural Capela Santa Maria tem o Duo Fukuda Kiun, na série de música de câmara (hoje e amanhã, às 20h30), tem ainda a Orquestra de Câmera de Curitiba (dias 5 e 6), Rogério Krieger e a Orquestra de Câmera Solistas de Londrina (dias 17 e 18) e a Camerata Antiqua de Curitiba (dias 26 e 27).
Ainda na área de música erudita, a Orquestra Filarmônica da UFPR toca no Teatro da Reitoria no dia 19.
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