Show
Lançamento do álbum Rock Brasil, da banda Motorocker
Trésor Eventos (Av. Des. Westphalen, 4.000, Parolin), (41) 3013-3374. Sábado, a partir das 22 horas. Abertura da banda Pallets. Ingressos antecipados a R$ 30. Mais informações no site www.motorocker.com.br.
Volta e meia um gaiato vem à boca de cena e diz que a venda de discos já era e que as bandas de rock, em Curitiba especialmente, nunca souberam cativar o grande público.
Eu mesmo andei falando isso por aí. Discurso que agora engulo, em parte, com farinha, depois de ouvir a porrada que é este Rock Brasil: o terceiro disco de estúdio da banda Motorocker, há mais de duas décadas na estrada mostrando seu "rock pauleira" para o povão.
O som do Motorocker contraria qualquer teoria e chega às massas. A banda tem público grande e fiel. Para se ter uma ideia, o grupo colocou o novo disco em pré-venda na internet e em lojas especializadas na semana passada. Nos dois primeiros dias, mais de mil discos foram vendidos.
A procura foi tão grande que a banda precisou segurar a venda para que sobrem discos físicos para o show de lançamento oficial, na noite do próximo sábado.
O segredo do sucesso está em cada uma das letras escritas por Marcelus dos Santos, vocalista e compositor da banda. Neste novo álbum e nos anteriores.
O Motorocker fala a mesma língua do seu público. As músicas são sobre mulheres tão bonitas quanto complicadas, patrões babacas, problemas com a justiça, tretas e bebedeiras.
"Nosso público é orgânico, feito de gente que vive no mundo real e não no mundo da fantasia", explica o vocalista.
Com léxico e prosódia curitibanos, chegam a todas as regiões do país, dando voz àquele trabalhador fã de rock que mantém uma relação de cumplicidade com "malárias" como ele. Ou o advogado "harleyro" que ouvia Motörhead aos 15 anos.
"Nas minhas letras, falo das minhas histórias. Sem bancar um cara que eu não sou ou contar vantagem sobre coisas que eu não fiz. Hoje em dia, falar verdade é ser diferente", filosofa Marcelus.
Projéteis como "Louco de Gole", que lista a farmácia básica ("guaco", "mentruz", "sassafrás") dos melhores botecos da cidade, ou "Curva de Rio", de versos quais: "sei que sou tranquera demais e que bebo feito um ogro e não tenho hora para parar...", são a prova em si mesmos.
Claro que há espaço para o romance, como em "Macho e Fêmea", cheia de versos pungentes, como "Vamos gemer com ou sem dor/ Volúpia sexo bruto, meu amor...".
"Eu tento falar de amor e sacanagem sem ser explícito, sem usar o golpe baixo do palavrão gratuito", defende-se o compositor. "E falando de histórias verdadeiras. Até porque a mentira você tem de ficar lembrando e eu esqueço tudo. A verdade no ano que vem é a mesma coisa", pondera.
"Hoje tem esses caras da ostentação que dizem que têm jato, que pegaram mil mulheres... Porra, na real, não é assim! Você se dá bem aqui, quebra a cara ali...", conclui Marcelus.
Tropicalismo
A banda, que surgiu em 1993 como um tributo ao AC/DC, há muito anda com as próprias botas. A banda australiana, no entanto, segue como a principal referência de composição e arranjos.
No som há mistura de blues, hard rock, heavy metal. Riffs, refrões e solos. Baixo e bateria destrutivos. Tudo que uma banda pesada que merece o nome deve fazer.
O novo álbum tem nove músicas inéditas e três versões de clássicos do Motorocker. No conjunto, é a trilha sonora perfeita para "eventos-testosterona", como lançamentos de filme pornô, campeonatos de UFC ou de arrancada, encontros de motociclistas e, claro, shows em inferninhos.
A faixa-título fala sobre a estranha condição de ser roqueiro no calor tropical brasileiro. "O homem é fruto do meio em que vive. Eu gosto muito de ser brasileiro, mas cresci olhando para o mundo. O rock é um estado de espírito. É uma coisa sem fronteiras", divaga Marcelus.
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