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 | Ricardo Humberto/Especial para a Gazeta do Povo
| Foto: Ricardo Humberto/Especial para a Gazeta do Povo

Hoje darei conselhos para a vida.

Presta atenção.

Mas começarei ancorando minha aconselhância em dados biográficos, que é pra dar aquela “base sólida” pra o que eu vou dizer.

Então é assim:

Criança, eu tomava café com leite. Muito leite e pouquíssimo café. Ah: e açúcar pacas.

Jovem, parei.

Até os 24 eu não tomava café. Quando comecei a dar aula na UFPR, uma colega me disse “espera pra ver se daqui a pouco você não está tomando café aos baldes”.

Dito e feito.

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Na época tinha uma “sala do cafezinho”, onde a gente socializava (ela ainda está lá, mas hoje todo mundo é ocupado demais…). E sempre tinha alguém que se oferecia pra ir pegar o café. Aí um dizia “duas gotinhas de adoçante”; outro, “uma colher de açúcar” etc. Eu, que sou jeca, ficava com vergonha de dar trabalho e dizia: “pode ser puro”.

E foi o começo.

De lá pra cá, aprendi a tomar café. (Desculpa, mas se você toma café com açúcar você gosta é de açúcar: não de café.)

Hoje, com a gourmetização geral da vida moderna, e com o fato de morar do ladinho do mercado municipal, eu ando virando um café-chato. Exigente…

Eu até comprei uma prensa (chama “aeropress” e, não, eu não ganho comissão) pra fazer café uma xícara por vez.

É o melhor café do mundo. É uma espécie de versão de elite do café de coador. Bem melhor que espresso.

E eu compro café fresquinho, de uma mesma fazenda, ali no municipal. Toda semana. Mas aí é que vem o pulo do gato. E, sim!, o conselho de vida que eu vou dar!

Eu compro o café em grãos. Torra média. Pra moer em casa. (Recomendo os do Sul da Bahia, os Mogiana e, se você tiver espírito aventureiro, os do Sul de Minas, que são bem diferentes).

Eu tenho um moedor manual (não cabe um elétrico grande aqui na pia, e eu curto a ideia de moer a cada vez o punhadinho de grãos que uma xícara consome), e além da coisa meio ritual, que me leva a parar seis minutos pra fazer uma xícara de café, o efeito, a mudança de gosto é uma coisa astronômica!

Se você não mói café em casa e gosta de café, a única coisa que eu posso te dizer é CORRE!

A vida pode ser muito mais linda, as manhãs terão cheiro de felicidade (com notas de chocolate, caramelo e baunilha!), a paradinha da tarde vai causar inveja em cônjuges e, de janela aberta, até nos vizinhos…

O cheiro de café moído na hora (e de um bom café moído na hora) é uma das coisas mais prazerosas da vida neste nosso vale de lágrimas. Vai por mim.

E a xícara… com água mineral, grão da fazenda Pau D’Alho, água a coisa de 80 graus, aeropress…

Quer me chamar de gourmet aboiolado?

Ora, sinta-se em casa!

E, já que está “em casa”, toma um cafezinho…

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