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 | Ricardo Humberto/Especial para a Gazeta do Povo
| Foto: Ricardo Humberto/Especial para a Gazeta do Povo

Eu sou rei. (Sois Rei! Sois Rei! Sois Rei!)

Na qualidade de soberano, eu sou corruptor, corruptível, nepotista, vil e mesquinho. Claro…

Uma das coisas que mais me agradam é encontrar modos de fazer os meu miguchos ganharem dinheiro…os caras que me ajudaram a virar rei e vários outros que passaram a me bajular depois que eu me reizifiquei. E isso via de regra às custas da plebe ignara.

Lógico…

Agora eu tive uma ideia, brilhante, vil e mesquinha. Vê só se não é bacana.

Eu vou instalar na minha capital diversos mecanismos capazes de detectar a passagem dos cidadãos. Não só isso, mas ainda verificar direitinho, fotograficamente, o que eles têm nas mãos.

Até aí nada demais. Mas me aguarde, santa!

Porque a questão é que eu eu achei um jeito de fazer os meus chapas bajuladores ganharem dinheiro através desses mecanismos de detecção. E é mole!

Determinei que cada cidadão que for registrado pelos dispositivos de posse de uma tesoura com as lâminas apontadas para cima terá que automaticamente pagar setecentas patacas do reino a um consórcio formado pelos meus amigos bajuladores. Porque é esse consórcio que gere o sistema todo. A gente chamou o sistema de “lambadas eletrônicas”. Porque ele fustiga o contribuinte!! Chicote no lombo dessa patuleia!

Pérfido!!!

Eu disse que eu era mau, interesseiro, vil e mesquinho.

Só quero é dar dinheiro pros cupinchas.

A população, inclusive, depois de instalados os dispositivos, só faz reclamar da máfia por trás dessa verdadeira máquina de arrecadação.

Agora, sabe o mais doido?

Não vou nem mencionar que andar com uma tesoura na mão é meio perigoso… Mas o barato é que o código tesoural do reino (escrito bem antes do meu tempo), já declarava que andar com tesouras era proibido.

Proibido. SEMPRE.

E não só quando alguém, ou alguma máquina, está olhando.

É que nem, sei lá, roubar livro de biblioteca. Se não tem ninguém vendo continua sendo feio pacas, cacilda!

E a população inventou aplicativos de celular pra localizar os dispositivos, passou a esconder as tesouras só logo antes de passar por eles… Essas coisas engenhosas.

Mas eles se distraem. Eles esquecem. E eu catchingo mais grana pros peixe. Pros chegado. Pros parça.

Porque o povo simplesmente parece não ter pensado na estratégia mais mortal, que podia ter detonado todo o meu ichquema. Era um jeito simples, direto, claro, lógico, barato e juridicamente sólido de o bem vencer o mal.

Tipo de vez.

Quer ferrar com todo o meu sistema que você reclama que é corrupto e podre? Opa. É simplão.

Não ande com tesouras apontadas pro olho.

NUNCA!

É proibido! Com ou sem o R.A.D.A.R. (Rei Astuto Determinado a Achacar a Ralé)

Ufa!

Tomara que eles continuem sem ter essas ideias revolucionárias.

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