O romance que David Foster Wallace deixou inacabado, chamado “The Pale King”, eu acabei de acabar de traduzir. Bom… traduzir o que os editores conseguiram montar a partir dos manuscritos.
O livro deve se chamar “O Rei Pálido” mesmo, quando sair no Brasil (lançamento previsto pra 2018).
A gente podia falar muito sobre o que representa publicar, ler e acima de tudo traduzir um livro incompleto. Mas agora só me interessam duas coisas.
Uma é te dizer que o livro é bom demais.
Os trechos que restaram e as notas que ele vinha tomando sobre direções futuras insinuam um projeto incrível, e ver esse projeto em estado de “andaime” é um enorme privilégio.
Outra é lembrar que o livro todo trata de tédio. De chatice. De pasmaceira. E do fato de que a maior parte da nossa vida, ao contrário do que parece a quem acredite apenas no cinema e na televisão, se compõe de coisas sem-graça.
Entre as várias abordagens do tema no romance, há uma, de um certo personagem, que envolve a ideia de que não apenas inexistem atividades tediosas (qualquer coisa, desde que contemplada com o máximo de atenção e curiosidade, se transforma em algo interessante), mas que no fundo essas atividades, depois que você supera a ameaça do tédio, tendem a gerar momentos de indescritível prazer.
E pense o quanto no fundo os hobbies e interesses mais violentos tendem a parecer coisas chatas a quem não passou por alguma “iniciação”. O interesse está não apenas nos olhos de quem vê, mas na intensidade do olhar que viu.
Mas a coluna hoje se chama “dois livros”.
Porque o segundo é aparentemente uma ilustração desse princípio. Pois poucas coisas podem parecer menos “empolgantes” do que mais uma história do império romano. Especialmente se você não é um especialista, ou alguém especialmente interessado no assunto de antemão.
E aí você abre “SPQR” da historiadora Mary Beard e toma o susto do ano.
Tudo bem que eu até já dei aula de latim, e me interesso, sim, pelo assunto. Mas acredite em mim. Qualquer leitor interessado, qualquer curioso, qualquer pessoa dotada de vontade de saber (e de se divertir!) vai rolar de felicidade com o livro de Beard.
É divulgação histórica pra NINGUÉM botar defeito.
Leu “1822” ou qualquer outro do Laurentino Gomes (eu li, aliás, e curti) e achou bacana?
Corra.
Compre.
Viu a série “Roma” e achou legal.
Voe.
Leia.
Quer uma dica nova de leitura diferente.
Chispe!
De minha parte, virei fã pra sempre dessa brilhante prosadora com o curioso nome de Maria “Barba”!
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