| Foto: Ricardo Humberto/Especial para a Gazeta do Povo

Uma das coisas mais corajosas que eu já vi ali na minha vida na Federal do Paraná eu na verdade não vi. Mas fiquei sabendo.

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Foi uma situação em que um professor conversava com um aluno que tinha marcado um horário de “atendimento”. E no meio da conversa ele olha para o aluno e diz: “O fato é que você foi enganado. Te deram um diploma de conclusão de ensino médio, mas nunca te deram a formação necessária pra entrar na universidade. A bem da verdade, você provavelmente vem sendo empulhado há anos”.

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Sério, acho isso corajoso pacas. E verdadeiro, não só naquele caso, claro.

E eu estava pensando nisso dia desses quando, sentadinho aqui com a Sandra, estava vendo um documentário sobre arte chinesa antiga (sim, ainda há vida inteligente na TV a cabo… só que é tipo chupim albino, tem que procurar bem). Porque, pô, os caras estavam falando de virada do primeiro milênio… século 11… e a tal da arte deles na época simplesmente escolhia ignorar solertemente que a gente teria que esperar até o renascimento pra “descobrir” a perspectiva.

Eles preferiam, insidiosos, não lembrar que foi só lá pelos idos do século 19 que a pintura de paisagem ganhou autonomia, deixando de configurar mero “fundo” de retratos e coisa e tal.

Eles não achavam muito interessante a noção de precisar esperar pela pintura holandesa do século 17 pra poder representar cenas cotidianas, simples, plebeias.

Aliás, eles também não estavam muito interessados em concordar com a ideia de que a arte como “expressão dos sentimentos pessoais do artista” é uma invenção do romantismo. Basta olhar algumas das imagens retorcidas e convulsas de árvores que eles faziam.

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Gente como Zhang Zeduan. Gente como o próprio imperador Huizong.

Isso tudo num período (aquele século 11) em que eles contavam com a maior cidade do mundo, aquela Kaifeng lá do título…

Hmmm…

Sério.

Pensa quanto tempo a gente passou estudando a história mundial (e não só história da arte) confinadinha ali do dito Crescente Fértil até o novo mundo. E mesmo assim com buracos!

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(Você já viu os retratos que os egípcios usavam no período romano pra decorar tampa de sarcófago?)

Ao menos no que se refere à história “antiga”, gente tem uns diplomas falsos. A gente estudou um mundo pela metade (você sabia que ainda no século 11, no Japão, uma mulher escreveu um romance imenso e incrível: o “Genji Monogatari”?)

Vontade de processar um monte de gente, sô!