Sol Bloom tinha 23 anos e era um empresário de boxe razoavelmente bem sucedido quando a cidade de Chicago resolveu montar a “Exposição Universal” de 1893. Bloom tinha ido a Paris ver a mítica exposição universal de 1889, quando os franceses, para celebrar o centenário da Revolução, espantaram o mundo com uma reunião de figuras, culturas e cores dos quatro cantos do planeta, deixaram todos boquiabertos com a onipresença da iluminação a gás nas suas ruas (foi de onde veio a fama de Cidade Luz) e ainda de quebra mostraram a “pequena” torre que tinham pedido para o engenheiro Gustave Eiffel construir do lado do Campo de Marte.
Pouca coisa?
Era com isso que Chicago tinha que lutar se quisesse deixar sua marca.
Bloom foi o encarregado da montagem do que se chamou de Midway Plaisance, uma espécie de feira-livre com expositores independentes, que ilustravam (dos jeitos menos antropologicamente fiéis) costumes e tradições desconhecidos do público.
E foi aí que, no seu estande chamado “Rua do Cairo”, ele se deu conta de que as dançarinas chamadas não tinham trazido um músico, e não sabiam cantar nem tocar nada. Mas que tipo de música vocês dançam?
Nenhuma resposta.
Bloom sentou ao piano e improvisou a melodia… Qual?
Digamos assim: faça uma pose de pintura egípcia. Sabe como? Tronco de frente pro observador, cabeça de lado, pés apontados numa mesma direção, uma mão na altura do quadril, com a palma apontando pro chão; a outra na altura da cabeça, como que segurando uma bandeja.
Pronto?
Agora, se você quiser fazer uma dancinha com essa pose, há uma chance imensa de você cantarolar a música de Bloom. Há uma chance imensa de todo mundo que estiver olhando cantarolar a mesma música.
E o mesmo acontece se você visualizar, sei lá, um encantador de serpentes e pensar na música que ele toca enquanto a naja sobe do cesto. A mesma música.
Tananá ná ná, tananá naná naná…
Engraçado é que essa melodia (que nunca teve copyright registrado, o que explica parte do seu sucesso no século XX) se chama “The Streets of Cairo, or the poor little maid”. Se você ainda não está ouvindo a dita mentalmente, pode procurar na internet.
E ela nunca foi africana, nem indiana, nem remotamente “exótica”. Foi escrita por um empresário judeu, nos Estados Unidos (claro!), no final do século XIX.
P.S.: sabe o que Chicago inventou pra tentar bater o impacto da Torre Eiffel? Nada menos que a roda gigante.
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