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 | Felipe Lima
| Foto: Felipe Lima

A Guerra Fria acabou, mas já pensou se o comunismo tivesse ganhado?

Não haveria greves de bancários todo ano, até porque nem haveria bancos.

A indústria de malas quase quebraria, com o turismo em baixa, embora malas continuassem a existir ao menos para carregar dinheiro, já que, sem bancos, como iria ser paga a corrupção?

Não importaríamos médicos cubanos: eles já seriam formados aqui em nossas faculdades, para evitar despesas de viagem. Solidariamente, nem precisariam fazer vestibular, mas, como médicos, continuariam a enviar 70% do salário-solidário para o governo de Cuba.

Não haveria cotas raciais, pois, como o comunismo prega que somos todos iguais (como também nossa Constituição atual), não faria sentido os negros serem diferenciados. Mas o pessoal do Partido Comunista, claro, ficaria com as melhores casas, inclusive de campo, e trabalharia sem horário nem patrão; apenas o povo continuaria a trabalhar com horário porque, você sabe, o povo não sabe cuidar de si e por isso precisa de um Partido de companheiros Comunista.

Raul Castro não ficaria hospedado na Granja do Torto, mas no próprio Palácio da Alvorada, com redes penduradas naquelas colunas projetadas pelo Niemeyer, e que parecem feitas para receber pencas de redes. Nada como o comunismo para nos fazer ver o óbvio.

O único jornal seria o Cruzeiro do Sul e teria cinco páginas como o Cruzeiro do Sul tem cinco estrelas. Mas como, perguntarão os céticos e críticos, um jornal com número ímpar de páginas? Sim, a última página será em branco, para facilitar a graciosa moda cubana de usar o jornal oficial como papel higiênico em falta.

A Comissão da Verdade supervisionaria a construção do Monumento aos Heróis, os mortos e torturados pela ditadura, mais alto que as Pirâmides do Egito, com diretoria vitalícia e orçamento secreto, sem qualquer supervisão, ou seria uma afronta aos heróis.

Anexaríamos o Paraguai usando o mesmo esquema hitlerista que Putin está usando na Ucrânia: motins, desordem, confusão, para então o país ser invadido em nome da ordem e da união. O Uruguai deixaríamos como informal colônia de férias para os companheiros do Partido, longe do olhar sempre curioso das massas.

Para levantar o ânimo do povo, invadiríamos as Ilhas Malvinas para devolver à Argentina.

Como pregam os candidatos comunistas à presidência da República, não haveria patrões mas, para haver impostos a sustentar o governo e o Partido, as empresas continuariam a existir com o nome de Coletivos Comerciais, Industriais ou de Serviços. Se não sobrevivessem, seria culpa do imperialismo ianque.

Todas estatizadas, seriam geridas por comitês de trabalhadores partidários que, claro, teriam salários muito maiores que os outros pois, como já previu o camarada Orwell, no comunismo uns são mais iguais que os outros.

O ensino médio seria promovido a superior, que é elitista até no próprio nome, e as aulas seriam só sobre marxismo. Os hospitais seriam construídos só com corredores, igualando o tratamento para todos. E as igrejas continuariam a existir, desde que conscientes de que haveria um Deus no Céu e, na terra, o nosso Grande Líder do Partido Comunista que nos governaria com a competência herdada de Stalin e Fidel.

De quatro em quatro anos, faríamos eleições como em Cuba, só com candidatos indicados pelo Partido para aprovar tudo que o Partido decidisse, inclusive os temas proléticos (politicamente proletários) para as escolas de samba. A Seleção Canarinho seria rebatizada como Arara Vermelha e, se perdesse por mais de um gol, o time seria exilado na Antártida, já que não temos Sibéria.

Sonhar é grátis; sonhemos, companheiros!Dê sua opiniãoO que você achou da coluna de hoje? Deixe seu comentário e participe do debate.

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