Ela parou o fusca em fila dupla, com o nenê na cadeirinha no banco traseiro, fiquei olhando. Ela acendeu o pisca-alerta, contornou o carro, pela outra porta tirou cesta de vime, que foi enchendo de coisas do nenê que estavam no banco, mamadeira, garrafa térmica, frutas etc. Depois pegou também uma maleta executiva, deixou junto com a cesta sobre o capô do carro, ficou olhando a fila de carros estacionados. Um carro manobrou para sair lá na frente, ela entrou no fusca, foi rapidinho ocupar a vaga. Depois saiu, pegou a maleta e a cesta sobre o capô, baixou o banco dianteiro, pegou o nenê no banco traseiro e também uma mochila. Enfiou o nenê na mochila, botou a mochila nas costas, pegou a cesta e a maleta sobre o capô, chaveou o carro e se foi.
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Um empresário tinha uma planta industrial para construir, com custo orçado em um milhão, mas só tinha 800 mil, contou o caso na sauna e um advogado falou deixa comigo. O advogado pediu 5 mil de salário por seis meses, e foi negociar com todos os fornecedores, havia muita coisa super-orçada. Explicou que buscaria os materiais com frota própria, direto nas fábricas, sem intermediários, conseguiu os devidos descontos, negoceou, pediu mais, conseguiu. Negociou com até achar uma construtora iniciante, precisando de obra para mostrar serviço. Negociou impostos com a prefeitura, argumentando que a indústria criaria empregos. Adicionou o valor do desconto nos impostos ao investimento. Supervisionou a obra todo dia, economizando no encurtamento dos prazos.
Acabou a obra por 730 mil, foi ao empresário, pediu 70 mil.
Mas já lhe paguei 30 mil de salários.
E eu trabalhei para merecer. Agora estou cobrando os honorários.
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Wilson Moreira se elegeu prefeito e recebeu um abacaxizão, a construção paralisada da nova rodoviária de Londrina. Recebeu também a prefeitura com o caixa vazio de dinheiro e cheio de dívidas. Como também tinha recebido muitos pepinos, primeiro consertou o caixa e passou metade do mandato descascando os pepinos, aí encarou o abacaxi da rodoviária.
Falou com o arquiteto Oscar Niemeyer, pedindo alteração do projeto, para a estrutura ser metálica em vez de concretada. O custo caiu muito, mas continuava alto, então inventou-se um condomínio de cotas para custear a obra. Setenta mil cotas foram vendidas, para empresas e pessoas, e algumas compraram só uma cota. Que depois de cinco anos podiam ser resgatadas, com juros melhores que da poupança, ou usadas para pagar impostos municipais. A rodoviária foi feita, os cotistas ficaram satisfeitos, a cidade levantou a auto-estima. Aí um radialista perguntou:
Um sistema tão simples e funcionou tão bem. De quem foi a idéia?
O prefeito falou que era resultado de muitas reuniões, fosfato de muita gente.
Parece uma idéia simples, mas tivemos que desatar nós jurídicos, financeiros e operacionais, um verdadeiro quebra-cabeças.
Vinte anos depois, a chamada parceria público-privada está na moda.
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Celso Garcia Cid não se conformava do Paraná ter gado tucura, pelo-duro. Armou um encontro com o governador Paulo Pimentel, expôs o Plano Troca-Troca: trocar os touros tucura do Paraná por tourinhos Nelore, de graça para os produtores.
Depois foi a vários estados propor compra de tourinhos Nelore a preço de custo, dizendo que criariam mercado futuro para os próprios criadores. Frigoríficos e o estado deram o transporte. Em troca dos novos touros de raça, os fazendeiros davam seus velhos touros, que vendidos por peso custeavam parte do plano.
Cinco mil touros foram trocados assim, e, cinco anos depois, o Paraná tinha uma pecuária de qualidade, beneficiando os criadores doadores com mercado de crias, os frigoríficos com mais carne e couros melhores, o Estado com mais impostos. A quem perguntava o segredo, Celso dizia:
Simplificar. Mas não é fácil, fácil é complicar.
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