Às vezes passo tempo pen­­­­sando no tempo. Quando era rapazola, pulava a janela do quarto, para ir ler debaixo do poste na rua (a mãe não queria que eu lesse à noite, para não estragar a vista).

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Na autobiografia de Cronin, ele escreveu que o mistério do infinito jamais deixará de ser mistério, pois, mesmo que houvesse um fim para o infinito, o que haveria depois do fim? Vácuo? Mas vácuo é espaço ainda. O espaço, só por existir, não pode ter fim. Como o tempo: a eternidade nunca começou e nunca acabará. O big-bang, a explosão inicial que deu origem ao universo, é apenas história inventada pelos cientistas, que se recusam a reconhecer os mistérios do infinito e da eternidade.

Eu lia essas coisas e saía an­­dando pela noite, deslumbrado, olhando as estrelas.

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Hoje, a eternidade não me espanta nem incomoda mais. O que me maravilha é o momento. Cada momento é único, como cada ser é único, e nossa vida passa conforme passam os momentos, o que é óbvio mas sempre esquecemos, pensando no passado ou planejando o futuro enquanto o momento passa.

O ponteiro dos segundos é o que mais me incomoda: é o mais fininho, contudo está sempre à toda!

Ás vezes me sinto culpado por pescar, sim, pescar. Pescando, esqueço de tudo, vivo apenas aqueles momentos, atento à vara, trocando iscas, esperando a fisgada. Mas, depois, voltando para casa, me fisga o sentimento de ter perdido tempo.

Nada como matar tempo sem nem saber até quando sabendo todo o tempo que o tempo está te matando

Mas o tempo "bem empregado" vai embora do mesmo jeito que o tempo "desperdiçado". Ou dito de outra forma:

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Todo tempo que chega vem a se despedir é roupa que a gente vive só a despir

A pior forma de empregar o tempo, dizem os sábios, é invejando os outros, pois não só deixamos de viver a própria vida como tentamos bobamente o impossível, que é viver a vida dos outros. Ou dito de outra forma:

Tem gente que o tempo matará e outros que o ego se encarrega de matar

Aprendi a aceitar o que o tempo traz, seja sortilégio ou desgraça, mas sem esquecer que podemos ter mais sorte trabalhando... Ou como diz o caboclo: amanhã ninguém sabe, mas quem não cuida de hoje nem chega até amanhã...

Ultimamente, ando descobrindo como é gostoso... envelhecer! Mas que nem menino: brincando sempre, porque seriedade é coisa para discurso de político velhaco. Então brinco, com a alegria de saber que, brincando, faço bem para mim e para os outros também.

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Relaxa: todo o tempo te dá cada momento e você só paga a taxa do envelhecimento