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 | Ingrid Skåre/Especial para a Gazeta do Povo
| Foto: Ingrid Skåre/Especial para a Gazeta do Povo

O exército russo se enfileira diante do penhasco de onde a planície repleta de uniformes bonapartistas pode ser bem visualizada. A mira do canhão é acertada e... buá! Largo Guerra e Paz para atender o bebê, cujo soninho durou só 15 minutos dessa vez.

Sim, decidi ler o catatau na licença-maternidade, e isso durou três meses, ou metade do tempo disponível. O encontro com aquela sociedade quase totalmente voltada para os chás da tarde e novidades do último baile foi bastante relaxante, mas é preciso uma tremenda dose de paciência para se concentrar nas incursões em campo de batalha. Alerto que não é possível pular esses trechos, porque os protagonistas costumam ter insights transformadores justo nesses momentos.

O mais fantástico em chegar ao fim, além de poder escolher uma nova leitura, foi encontrar Natasha no quarto das crianças, dando de mamar! Rússia, década de 1820, atitude ousada para uma dama, já que o normal era entregar a criança faminta à ama de leite.

Quem gosta de ler pode ter a falsa impressão de que uma licença-maternidade será tempo suficiente para dar conta das pendências na biblioteca. Não é. Mesmo a licença estendida recentemente conquistada pelas mulheres brasileiras, de 180 dias, pode ser pouca coisa se você tiver objetivos muito ambiciosos. E durante aquele soninho arduamente embalado, podendo durar até uma hora e meia, você, cara colega, tem muitas tarefas a cumprir... esfregar a roupinha que sujou na troca de fralda, ferver os apetrechos utilizados pelo bebê, guardar a miríade de coisas que utilizou na última hora com ele... fora o que precisar na casa, se não tiver ajuda de faxineira. Sem falar que a dica normalmente é “durma enquanto ele dorme”.

Além das tarefas diárias, o próprio tempo de leitura precisa ser dividido entre ficção e os imprescindíveis best-sellers sobre gestação, puerpério, cuidados com o bebê e educação. Os mais indicados no momento têm sido Crianças Francesas Não Fazem Manha, Nana Nenê e Os Segredos de uma Encantadora de Bebês.

A dica é dividir essa leitura técnica com o maridão, já que durante sua licença ele é o maior interessado numa noite inteira de sono sem choro. Para eles foi escrito Bebê – Manual do Proprietário, que acrescenta bom humor ao ensinamento sobre trocas de fralda.

Felizmente meu marido se encarregou dessa parte da leitura doméstica, sobrando para mim todo o Tolstói. E foi em O Bebê mais Feliz do Pedaço que ele aprendeu a dica mais valiosa que posso dar aos novos pais: faça um ritual emendando banho e mamada e coloque seu amor para dormir cedo, umas 19, 20 horas. No começo é aquela choradeira, mas depois eles se acostumam. Você ainda irá me agradecer.

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