Em estado natural a França é um país feito sob medida para o vinho. O vinho é filho da história e da geografia, e estas duas artes se desdobraram para privilegiar a França.
Quando os gregos faziam vinho no Mediterrâneo, devido ao clima quente, o vinho era doce. A fermentação é uma reação exotérmica e se não houver dissipação do calor gerado o mosto esquenta e as enzimas morrem sem digerir todo o açúcar. O açúcar residual deixa o vinho doce.
Quando os romanos assumiram a vinicultura dos Gregos levaram-na para a Gália, o vinho encontrou um lugar em que a temperatura permitia a fermentação total do açúcar, e o vinho tornou-se seco. Rapidamente o vinho seco francês tornou-se o favorito de Roma.
Mas, as latitudes onde a França faz vinho são muito elevadas. No hemisfério sul, a cultura do vinho é feita dos 27° C aos 41° C de latitude, na Nova Zelândia. Na França o vinho começa a ser feito a 45° C, latitude de Bordeaux e da Côte du Rhône. O que permite fazer vinho a latitudes tão extremadas é a Corrente Quente do Golfo, que desloca o clima temperado para o Norte.
Ao longo do território francês as condições climáticas se alternam de modo radical, mas a natureza deu à França uvas que se adaptam bem a todas as circunstâncias.
A Pinot se dá bem no frio da Bourgogne, a precoce Merlot no clima oceânico e eventualmente chuvoso de Bordeaux, a Syrah encaixou bem no vale do Rhône, quente de dia e frio de noite sob os auspícios do vento. A Cabernet, de colheita tardia, não era cepa adequada a Bordeaux mas os canais que drenaram o Medoc, para combater os mosquitos e as febres, permitiram seu plantio.
Em estado natural a agricultura da França é imbatível.
Quando em 1967 Robert Mondavi colocou na indústria a fermentação a temperatura controlada em tanques de inox, uma patente francesa de 1933, começou a revolução de vinhos de qualidade feitos nos lugares quentes e quebrou a hegemonia francesa. A versatilidade das cepas francesas ajudou a difundi-las em todos os climas.
A dificuldade dos que lideram a adaptar-se às novas circunstâncias faz parte da história da tragédia humana e já levou muitas empresas à bancarrota e cabeças à guilhotina.
Serviço: Confraria Invinovéritas - degustação de Carmens Reservas-, dia 5, segunda-feira, às 19 horas. Fone (41) 3338-7519.
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