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 | Miguel Nicolau/Gazeta do Povo
| Foto: Miguel Nicolau/Gazeta do Povo

Os sinais estão em todos os lugares. A arquitetura será a próxima arte pop. Já é, aliás. É possível ler isto no vento, nas conversas em bares e cafés. Nas campanhas e eventos de mídia social. Nas viagens aéreas pelo país – boa parte do conteúdo de entretenimento oferecido pelas linhas aéreas tem a arquitetura como tema. Nos êxitos de produtos editoriais sobre o tema – como a revista semanal Haus, da Gazeta do Povo.

Mais do que isso, o outro lado desta grande lua – o urbanismo – é questão fervente da agenda política do pais, atrás apenas da corrupção.

Fenômeno que não se dá apenas aqui. Boa parte da inteligência mundial está ocupada pensando questões relativas à vida nas cidades, o grande tema das ciências sociais neste início de século.

Para mim, esta movimentação revela a tendência para a assimilação pop dos princípios e usos da arquitetura. Pop no sentido de popularização, deselitização (péssima palavra), massificação e difusão do consumo (e a consequente banalização).

É até natural. Quase todas as outras artes já tiveram suas eras – ou quinze minutos – de apogeu. É lógico pensar que o dia da mais sólida e íntegra também chegaria. Cinema, música, artes plásticas, futebol, culinária, bem ou mal, já foram o prato do dia do mercado e das estratégias de comunicação de massa em algum momento da era moderna.

Faltam a literatura (mais difícil) e aquela que é considerada a “primeira” das artes se levado a sério o manifesto escrito nos anos 1920 pelo intelectual italiano Ricciotto Canudo.

Não concordo com a tal lista, mas com a posição de liderança, sim. A arquitetura é superior (arqui em grego), pois é a união extrema da técnica e estética: a boa arquitetura é sempre a arte de tornar a vida mais eficiente com o maior nível de poesia possível.

Por esta razão, a roda da cultura pop está elevando-a ao topo neste momento particular da história. Um tempo em que alguns valores sociais estão sendo reinterpretados e a qualidade de uma vida longeva é o bem mais valioso. Quem tem instrumentos para dar conta desta demanda são os arquitetos e urbanistas (mais do que médicos e laboratórios).

Como a popularização da arquitetura vai mudar nossas vidas e dos profissionais deste ofício, não sei. Tenho, claro, meus palpites. Mais produtos, mais visibilidade? Certamente. Mais cuidado do mercado e do poder público para a produção de projetos e de soluções urbanas, ambientais e estéticas? Tomara. Quem sabe nos próximos anos o mundo globalizado vire uma enorme Curitiba, lugar onde a casta dos arquitetos já compõe a elite espiritual. Estou apostando.

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