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Gustavo Mendes como Dilma Rousseff: melhor momento é quadro sem a presença dos cassetas | João Miguel Júnior/TV Globo
Gustavo Mendes como Dilma Rousseff: melhor momento é quadro sem a presença dos cassetas| Foto: João Miguel Júnior/TV Globo

Depois de quase um ano e meio fora do ar, os "cassetas" voltaram em abril prometendo um programa totalmente diferente – temático, sem bordões nem paródias de novelas, e gravado quase totalmente em locações externas. Tudo isso se confirmou, com exceção do "totalmente diferente".

O Casseta & Planeta Vai Fundo, que estreou em abril, dá a impressão de ser uma versão "recauchutada" do seu antecessor, o Casseta & Planeta Urgente!, que durou 18 anos na grade da TV Globo. O programa está mais ágil, tem boas sacadas de edição, alguns truques gráficos, a locução de Paulo Bonfá (ex-Rock Gol, da MTV) ajuda a tirar o cheiro de naftalina e a opção por temas permite explorar situações além da agenda do noticiário.

O problema são as piadas. Ainda que embaladas numa edição mais "transada", elas continuam as mesmas de sempre – principalmente gracejos de duplo sentido, com conotação sexual. As que não se encaixam nesta fórmula também parecem óbvias, desgastadas e superestimadas – como se o programa fizesse uma esquete superproduzida para brincadeiras de escritório.

Outra novidade do programa, a troca da quarentona Maria Paula por duas mulheres de quase trinta – Maria Melillo, vencedora do BBB 11, e a humorista Miá Mello –, ainda não emplacou. As duas garotas são meras coadjuvantes dos seis cassetas, protagonizando esquetes secundárias ou servindo de "escada" para eles – um status visivelmente inferior ao de Maria Paula nos últimos tempos, quando ela apresentava o programa além de participar das piadas.

A crise criativa se reflete ainda na revisão de diretrizes: no programa do último dia 1.º, por exemplo, que era sobre trabalho, os cassetas voltaram atrás na decisão de não parodiar novelas: fizeram um clipe das Empreguetes (o grupo fictício formado por domésticas da novela Cheias de Charme), só que com as empregadas da novela das nove, Avenida Brasil.

É sintomático, portanto, que o melhor momento do programa seja um quadro sem a presença de nenhum dos cassetas: aquele em que o humorista Gustavo Mendes encarna a presidente Dilma Rousseff. A caracterização é impecável, a imitação é hilária e o texto em geral é bem feito. Na mesma edição citada acima, Dilma ligava para a "vizinha" Cristina Kirchner, pedindo indicações para uma nova "ministra da faxina", que fosse de confiança. Foi de rachar o bico.

Porém, de uma maneira geral, se os cassetas têm a pretensão de ficar outros 18 anos no ar, eles vão ter que mostrar que são capazes de se reinventar. Até agora, isso não aconteceu. G½

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