Depois de quase um ano e meio fora do ar, os "cassetas" voltaram em abril prometendo um programa totalmente diferente temático, sem bordões nem paródias de novelas, e gravado quase totalmente em locações externas. Tudo isso se confirmou, com exceção do "totalmente diferente".
O Casseta & Planeta Vai Fundo, que estreou em abril, dá a impressão de ser uma versão "recauchutada" do seu antecessor, o Casseta & Planeta Urgente!, que durou 18 anos na grade da TV Globo. O programa está mais ágil, tem boas sacadas de edição, alguns truques gráficos, a locução de Paulo Bonfá (ex-Rock Gol, da MTV) ajuda a tirar o cheiro de naftalina e a opção por temas permite explorar situações além da agenda do noticiário.
O problema são as piadas. Ainda que embaladas numa edição mais "transada", elas continuam as mesmas de sempre principalmente gracejos de duplo sentido, com conotação sexual. As que não se encaixam nesta fórmula também parecem óbvias, desgastadas e superestimadas como se o programa fizesse uma esquete superproduzida para brincadeiras de escritório.
Outra novidade do programa, a troca da quarentona Maria Paula por duas mulheres de quase trinta Maria Melillo, vencedora do BBB 11, e a humorista Miá Mello , ainda não emplacou. As duas garotas são meras coadjuvantes dos seis cassetas, protagonizando esquetes secundárias ou servindo de "escada" para eles um status visivelmente inferior ao de Maria Paula nos últimos tempos, quando ela apresentava o programa além de participar das piadas.
A crise criativa se reflete ainda na revisão de diretrizes: no programa do último dia 1.º, por exemplo, que era sobre trabalho, os cassetas voltaram atrás na decisão de não parodiar novelas: fizeram um clipe das Empreguetes (o grupo fictício formado por domésticas da novela Cheias de Charme), só que com as empregadas da novela das nove, Avenida Brasil.
É sintomático, portanto, que o melhor momento do programa seja um quadro sem a presença de nenhum dos cassetas: aquele em que o humorista Gustavo Mendes encarna a presidente Dilma Rousseff. A caracterização é impecável, a imitação é hilária e o texto em geral é bem feito. Na mesma edição citada acima, Dilma ligava para a "vizinha" Cristina Kirchner, pedindo indicações para uma nova "ministra da faxina", que fosse de confiança. Foi de rachar o bico.
Porém, de uma maneira geral, se os cassetas têm a pretensão de ficar outros 18 anos no ar, eles vão ter que mostrar que são capazes de se reinventar. Até agora, isso não aconteceu. G½
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