Piper Chapman (Taylor Schilling, de laranja): série relata o dia a dia em uma prisão dos EUA| Foto: Divulgação/Facebook Oficial

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Orange Is the New Black Netflix (netflix.com)

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Não tem jeito: o serviço de streaming para séries é uma tendência irreversível. Isso porque, além da facilidade logística e da mordomia proporcionadas – não é mais preciso baixar episódios e sincronizar legendas –, a qualidade das produções próprias da empresa de tevê on-line Netflix é assustadora. Depois do drama político House of Cards, do terror Hemlock Grove, exclusivas, e do retorno da comédia cult Arrested Development, Orange Is the New Black estreou no dia 11 de julho fazendo um barulho danado, com justiça.

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A série é de Jenki Kohan, criadora de Weeds, espetacular na maioria de suas oito temporadas. Baseada no livro homônimo de Piper Kerman – que realmente ficou detida nos Estados Unidos entre 2004 e 2005 –, a trama relata o dia a dia de Piper Chapman (Taylor Schilling) em uma prisão dos Estados Unidos.

Piper é uma típica mulher de classe média, de 30 e poucos anos. É noiva de Larry (Jason Biggs, o cara que fornicou com uma torta em American Pie). Ela chega à prisão voluntariamente, depois de uma mínima participação em um crime (tráfico de drogas) que cometeu, há uma década, com a ajuda da ex-namorada Laura Prepon, a saudosa Donna de That ‘70s Show. É isso: afeita a dietas, cremes antirrugas e viciada em Mad Men, Piper agora é uma detenta ex-lésbica.

A princípio, o retrato do cotidiano na prisão em que irá passar 15 meses parece didático. Piper precisa aprender a viver em um local com regras e legislação próprias e camufladas. Porque é uma penitenciária de segurança mínima – as detentas podem até comprar maquiagens –, a impressão é de que assistimos a algo lúdico, quase artificial. O que é logo esquecido quando situações potencialmente reais ocorrem – imagine a reação de uma novata na prisão ao encontrar um absorvente usado no meio de seu sanduíche.

A riqueza de Orange Is the New Black, entretanto, está em seus personagens adjacentes, cujas histórias vamos conhecendo ao longo dos capítulos, em intensos e bem produzidos flashbacks. A cozinheira, conhecida por Red, é uma imigrante russa presa porque "estourou" um seio de silicone de uma perua dondoca e arrogante; Nicky é uma viciada em heroína que sofre as consequências da abstinência; Tiffany é uma adolescente rebelde que vira uma evangélica fanática; há ainda uma família mexicana problemática, uma transexual afro-americana e uma hippie – acusada de matar o filho – que dá aulas de ioga na prisão.

Em um espaço limitado fisicamente, sob a supervisão de agentes penitenciários desonestos e trambiqueiros, é um interessante exercício antropológico acompanhar a convivência de pessoas tão distintas. Orange Is the New Black, assim, acaba por se tornar um microcosmo da própria sociedade norte-americana, com episódios recheados de intolerâncias, das mais diversas, presenciadas por um exemplar da eternamente sonhada "beleza americana."

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Devido à ótima recepção por parte de público e crítica, a segunda temporada da série já foi confirmada pela Netflix, que tem acertado mesmo uma atrás da outra.