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Flor do Caribe
De segunda-feira a sábado, às 18 horas. TV Globo.
Li outro dia que David Goyer, coautor dos roteiros da trilogia de filmes protagonizadas pelo super-herói Batman, assinada pelo cineasta Christopher Nolan, vai dirigir mais uma versão do romance O Conde de Monte Cristo, desta vez baseada em uma graphic novel inspirada pelo livro clássico do francês Alexandre Dumas, também autor de Os Três Mosqueteiros. A primeira pergunta que me veio à cabeça: por que refilmar uma história levada tantas vezes à tela grande, cuja mais recente adaptação, de Kevin Reynolds, com Jim Caviezel e Guy Pearce, tem apenas 11 anos?
A resposta é que há obras de grandes escritores, como Dumas, Charles Dickens, Victor Hugo, William Shakespeare e Jane Austen, entre outros, que estão fadadas a serem revisitadas, com menor ou maior grau de inventividade e ousadia, para todo o sempre. Por tratarem de temas universais e atemporais. Portanto, não me surpreende que um nome hypado como o de Goyer, que assina o roteiro da ainda inédita da nova versão de Super-Homem, O Homem de Aço, tenha optado por recontar no cinema O Conde Monte Cristo, história de um homem que passa anos trancafiado em uma prisão, por conta de uma traição arquitetada por seu melhor amigo, que lhe rouba a noiva, e, por fim, a vida.
A base do romance de Dumas, melodramática em sua essência, é tão arquetípica que, mesmo quando não lhe dão o devido crédito, ela retorna à vida. Exemplo disso é a novela Flor do Caribe, de Walther Negrão, há duas semanas no ar no horário das 18 horas da Rede Globo.
A trama não se passa no sul da França, como no livro de Dumas, mas na cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte. A encarnação brasileira do protagonista Edmond Dantés é o piloto da Força Aérea Cassiano, vivido por Henri Castelli. Filho de um humilde trabalhador de minas de sal, ele é um jovem esforçado, ambicioso e honesto. Mas tem o azar de ter como melhor amigo, desde a infância, o inescrupuloso Alberto (o novato Igor Rickli, paranaense de Ponta Grossa), que equivaleria no folhetim global ao mau caráter Fernand Mondego.
Alberto inveja a força e a determinação de Cassiano e deseja, acima de tudo, sua noiva, a guia de turismo Ester (a também paranaense Grazi Massafera), filha de Samuel (Juca de Oliveira), um imigrante judeu de passado misterioso, e Lindaura, uma mulher da região, vivida por Angela Vieira. A jovem corresponde à catalã Mercedes de O Conde Monte Cristo, disputada por Dantés e por Mondego, que, no livro, é primo da "mocinha".
Nas duas primeiras semanas da novela, que tem cuidadosa direção-geral de Jayme Monjardim, os passos de Cassiano se assemelham aos de Dantés. Por conta de uma armação de Alberto, o protagonista é feito prisioneiro, na Guatemala, de um diabólico contrabandista de pedras preciosas, Dom Rafael (o uruguaio César Trancoso, de O Banheiro do Papa e Circular). O herói é dado como morto e vários anos se passarão até que ele retorne para reclamar o que é seu de direito: Ester, agora casada com Alberto, e o filho, criado por seu traidor.
A fórmula melodramática está fazendo sucesso de audiência: Flor do Caribe, muito bem acabada visualmente e com elenco afinado, ainda que convencional na forma e assumidamente folhetinesca, vem alcançando índices crescentes, chegando a marcar 21 pontos no Ibope, excelente para o horário em que é exibida.
Prova que uma boa história pode ser contada muitas vezes, desde que mantenha vivos elementos capazes de capturar a imaginação do espectador. E nada melhor do que a boa e velha receita "amor + ciúme + traição + vingança".
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