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Império
Rede Globo. De segunda a sábado, após o Jornal Nacional.
Uma das maiores reclamações do público sobre a novela Em Família é que no folhetim de Manoel Carlos, que teve seu último capítulo exibido no dia 18 de julho, havia pouca ação, diálogos que quase sempre iam do nada a lugar algum e os conflitos centrais da trama não emocionavam. Talvez porque lhes faltasse uma verdade interna, algo que, ironicamente, sempre foi um dos pontos fortes do veterano teledramaturgo, autor de sucessos como Mulheres Apaixonadas (2003).
Império, que estreou na última semana, busca ir na direção contrária. Seguindo os passos de Avenida Brasil, que fez história ao imprimir à narrativa um ritmo acelerado, cheio de reviravoltas e surpresas ao longo de todo o seu percurso, Aguinaldo Silva parece disposto a criar uma obra de grande impacto emocional, muita ação e intriga sem bossa nova ou conversas trivais à mesa do café da manhã, como Em Família.
Nos quatro primeiros capítulos, tudo aconteceu ao protagonista, o anti-herói cheio de charme José Alfredo, vivido nessa primeira fase pelo jovem ator Chay Suede, que conquistou o país em menos de uma semana e já está confirmado no elenco da próxima novela das 21 horas, Babilônia, de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga.
O personagem chegou ao Rio de Janeiro de Recife com uma mão na frente e outra atrás. Apaixonou-se pela cunhada, Eliane (Vanessa Giácomo), a engravidou, desiludiu-se, caiu no mundo e foi parar no Monte Roraima. Daí começou a contrabandear diamantes para a Suíça, conheceu uma jovem de família quatrocentona (Adriana Birolli), com quem se casou e teve três filhos, além de ter quase morrido depois de levar um tiro da polícia. Ufa! E nenhum barquinho a deslizar no macio azul do mar.
Todo o vigor de cabra macho de José Alfredo, que não abaixa a cabeça, já teve seus efeitos: Império está conseguindo trazer os homens, que haviam sido afugentados por Em Família, de volta para a frente da tevê. Na última quinta-feira, Suede passou o bastão para o talentoso e versátil Alexandre Nero, que assume o papel 20 anos depois, e vai enfrentar cobras e lagartos para manter seu império de pé.
Nos primeiros capítulos, além de Suede, quem também brilhou intensamente na novela de Aguinaldo Silva foi a curitibana Marjorie Estiano. No papel de Cora, irmã ressentida e amarga de Eliane, ela teve uma atuação memorável, criando uma antagonista cheia de nuances e jamais exagerada, inverossímil. Sorte que a personagem agora está nas mãos de outra grande atriz, Drica Moraes, que neste ano já fez bonito no cinema em Getúlio. Vai ser um duelo de titãs.
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