É quase o samba do crioulo doido: um suburbano escroto que namora uma garota de 19 anos, uma ex-mulher alcóolatra, uma filha lésbica que faz strip-tease pela internet, um filho que quer ser vereador, uma babá desdentada e alienada, vizinhos com problemas mentais e até amigas que são gêmeas e uma delas (só uma) é negra. Todos esses elementos juntos formam o elenco exagerado e descompensado de Pé na Cova, que estreou na última quinta-feira, 24, na Rede Globo.
O enredo conta a história de uma família que sobrevive da morte alheia. Com o lema "A morte é o nosso negócio. A sua tristeza é a nossa alegria", Falabella teve inspiração na Família Addams para criar a família Pereira que é dona da FUI, Funerária Unidos do Irajá.
Como se não bastasse o equívoco de usar tantos elementos bizarros juntos, a nova série simplesmente não tem graça. Dá pra contar nos dedos o momento em que escapa um sorrisinho de lado, bem tímido.
Boa parte da decepção com relação ao primeiro capítulo da série foi por conta do barulho feito em torno da nova atração. Alardeada aos quatro cantos, incluindo ações no Big Brother Brasil e até no centro de Curitiba, a comédia ganhou holofotes, mas não correspondeu às expectativas nem de longe, aliás.
Entre os piores erros está a atuação forçada e mal dirigida de alguns atores. Marília Pêra como suburbana, com uma unha de cada cor, falando "cRínica" e "pRantão" é simplesmente intragável. Não passa, não combina, não dá. Da mesma forma que Miguel Falabella ao maior estilo machão, cheio de tatuagem, falando grosso e errado também não rola.
Como se tudo não estivesse ruim o suficiente, o último bloco acabou com um texto meio melancólico e piegas sobre as coisas boas de se viver em Irajá, de ter uma família barraqueira ou de ter que até roubar defunto pra tirar uma graninha extra.
Claro que não dá para definir toda a série pelo primeiro capítulo, mas a julgar pela estreia o que se pode ver é que a atração não poderia ter título melhor, já que chegou com o pé na cova. Será que não dá para usar o horário para reprisar Toma Lá da Cá?