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Na nova temporada surge Stannis Baratheon, obstinado com a sucessão ao trono de Westeros | Divulgação
Na nova temporada surge Stannis Baratheon, obstinado com a sucessão ao trono de Westeros| Foto: Divulgação

Serviço

Game of Thrones

Canal HBO. Domingo, às 22h, e às 23h no HBO HD.

Game of Thrones, seriado que chega agora à sua segunda temporada no canal privado HBO, é uma série medieval atípica por não se preocupar com a fala empolada, a honra e o maniqueísmo irrestrito que o gênero normalmente carrega. Pelo contrário: a predisposição para mostrar sem pudor cenas de sexo, violência explícita, incesto, infanticídio, palavrões e chantagens, no entrelaçamento dúbio de personagens moralmente falhos deu à série o toque de realismo necessário para despertar o interesse na história, que sustenta melhor a qualidade do programa do que o sensacionalismo sugerido pelos outros elementos.

A segunda temporada – que retoma a briga pelo trono de Westeros, região que lembra a Europa medieval – começa com novos personagens e novos núcleos, que ocupam um certo vazio deixado pela sucessão de tragédias em que terminou a primeira. De um lado, Robb Stark – filho de Ned Stark, morto pelo infante rei Jeoffrey – luta para angariar tropas para fazer sua vingança e assegurar a independência da cidade nortenha de Winterfell, lutando para estabelecer moral frente a seus homens; de outro, a rainha regente Cersei Lannister defende com unhas e dentes o reinado de seu filho Jeoffrey Baratheon, fruto de uma relação incestuosa com seu irmão Jaime – ilegítimo para o ofício, portanto – enquanto procura eliminar possíveis candidatos ao trono e reaver seu irmão e amante das linhas inimigas dos Stark.

Enquanto isso, Stannis Baratheon, irmão do rei morto e sucessor de direito envolve-se com piratas e uma misteriosa feiticeira para reivindicar seu lugar na cidade real; e Daenerys Targaryen, a única sobrevivente de sua linhagem, vaga em terras ermas procurando reerguer o império de sua família na posse de dois bebês dragões, suficientes para dominar o mundo, segundo dizem. Para piorar, o inverno – que no universo da série pode durar décadas – se aproxima, e os Guardiões da Noite, a tropa de renegados que zela pelo Muro, adentra as terras misteriosas do norte à procura de seres fantásticos que podem destruir toda a civilização que conhecem.

O panorama desesperador e a quantidade imensa de personagens não chegam a ser desanimadores para os espectadores de Game of Thrones, pelo contrário: a ausência de um desfecho lógico no fim do horizonte e a já demonstrada falta de comprometimento com finais felizes dá à série uma imprevisibilidade rara, só sanada para quem se aventura a ler os longos livros do escritor George R. R. Martin, criador da saga.

A profundidade dos personagens revela seres cativantes, como o anão Tyrion Lannister, sagaz e misterioso em suas intenções e Petyr Baelish, proprietário do bordel da cidade Real que usa a informação confidencial como sua principal arma, mas mesmo outros sobre os quais pouco se sabe despertam simpatia, como o guardião de Daenerys, Sir Jorah Mormont. É louvável a capacidade de Martin de criar tantos e tão bem feitos peões e articulá-los nesse complexo jogo de política e força sem criar heróis perfeitos e inatingíveis. Não é à toa que Game of Thrones é um sucesso instantâneo.

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