O artista plástico carioca Maximiliano merece ganhar o Big Brother Brasil 9. Ele não só decodificou a lógica do programa, como conquistou o público sem abdicar de uma qualidade que não costuma dar muita audiência no reality show produzido pela Rede Globo: a inteligência.
Ao colocar os pés na casa onde os participantes estão confinados há pouco mais de um mês, Max (como prefere ser chamado) deixou claro que estava jogando, sim. E, depois de oito edições no ar, o programa havia lhe ensinado que, para chamar a atenção do público, o concorrente tem de marcar presença sem se impor demais, ou parecer agressivo, obstinado, esfomeado por fama e dinheiro. Embora, provavelmente, esteja louco para encher os bolsos e se tornar uma celebridade, nem que seja por 15 minutos.
A esta altura, o BBB não é mais mistério. Por isso, Boninho (o produtor e diretor) e sua trupe têm inventado vários elementos-surpresa, para os participantes e o público. Casas de vidro, quartos punk com requintes de tortura, introdução de candidatos tardios, que já acompanhavam a dinâmica da casa do lado de fora. A estratégia tem dado resultado e mantido o BBB de pé.
Max, contudo, tem total consciência dessas artimanhas e vem encarnando uma espécie de Buster Keaton dos trópicos, um palhaço sutil que não se encaixa nem no time dos brucutus musculosos e pegadores e nem dos superpobres coitados, que imploram pela empatia popular. Tem seu Sancho Pança (o gaúcho Flávio) e sua Dulcinéia (a também riograndense, porém radicada em São Paulo, Francine). Mas é um Quixote com os pés no chão.