Programe-se
Espelho
Canal Brasil. Disponível nas tevês pagas Net (canal 150), Sky (55), Claro (67) Oi e Via Cabo (66) e GVT (103). Segundas-feiras, às 21h30. Reprises na segunda, às 3h30, terça, às 7h30, e sábado, às 12h. Classificação indicativa: livre.
Espelho é um desses programas de entrevista sérios, muito diferentes daqueles popularizados por comediantes como Jô Soares e Danilo Gentili. O ator Lázaro Ramos encarna no programa do Canal Brasil um interlocutor "cabeça", interessado e contido.
Não foi por sua causa, portanto, que um quadro causou rebuliço na internet, já na sétima temporada: o autor da façanha foi o rapper Criolo, que se exaltou, entre outros momentos, ao ser questionado sobre a ascensão da classe C. É melhor em vídeo, disponível no site do programa ou no YouTube, mas aqui vai a transcrição do que disse o rapper: "O que que é a ascensão da classe C? É tipo leite que a gente comprava, leite tipo C, aí tinha um tipo A, da fazenda A gente já ficou numa caixinha de novo, entendeu? (...) Tem que dar um ou dois passinhos atrás pra A alma flutua. O corpo precisa de alimento. Se não tem leite, a criança chora." A cena da confusa reflexão seguida pelo sorriso interno e perplexo do entrevistador virou meme.
É curioso que a edição tenha mantido o trecho claramente risível, mas, por outro lado, o corte teria deixado de lado a espontaneidade e, por que não, a veia poética do artista. Espelho se fez, portanto, um programa que dá voz ao entrevistado os interessados que assistam. Ramos faz recortes cirúrgicos, e tem habilidade também para aprofundar o fio de conversa proposto por seu "espelhado".
No episódio que vai ao ar hoje, Gustavo Mendes fala sobre o surgimento de sua imitação da presidente Dilma, em que ele conclui: "É ela quem me imita".
Antes dele, foi a vez de Hélio de la Peña, que contou em detalhes as influências que recebeu até entrar no mundo do humor, desde redações escolares até o grupo universitário que rendeu o Casseta e Planeta. Novamente, salta aos olhos a característica do programa de deixar o entrevistado livre para conduzir seu pensamento. Quer falar do passado? Sinta-se à vontade. Levantar bandeiras? Opa, bem-vindo.
Alternando o cenário entre uma sala de espelhos com poltronas e o bucólico barco em que Criolo soltou a imaginação, Ramos também salteia o formato da conversa: artistas avulsos revezam com grupos de três, quando o quadro é temático. Foi o caso da edição com três atrizes negras, sobre preconceito e carreira.
Outros nomes convidados para esta temporada foram Ney Latorraca, Renato Aragão, Débora Bloch, Djavan e a preparadora de elenco Fátima Toledo.
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