Quem é o sujeito mais chato da cidade? Não sei, mas tenho a impressão de que é o Poeta Sem Poesia e Sem Obra. Esqueci o nome, alguém sabe? Toda vez que um livro é publicado, o sujeito entra nas redes sociais e, sem ler a obra, tenta desconstruir o autor. Não, o Poeta Sem Poesia e Sem Obra é o ser mais invejoso da capital do Paraná.

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Talvez a chatice se revele plenamente na Banda da Internet, a que lançou a canção de uma frase só, e depois sumiu. Esqueci o nome do projeto, chato, muito chato.

O sujeito mais chato da cidade são vários. É uma legião. São os chamados cicloativistas.

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Eles são chatos por serem equivocados. Em primeiro lugar, pelo óbvio ululante. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) informa que tem chuva a cada dois dias em Curitiba. Como o sujeito que pedala poderá se deslocar? Vai chegar encharcado e sujo aos compromissos?

Além da onipresente chuva, há uma outra questão. Vamos supor que o cicloativista more no Sítio Cercado e trabalhe no Centro. Vai sair de casa e suar 17 quilômetros antes de bater o cartão?

O cicloativismo é farsa. É fraude, sobretudo, porque quem se diz cicloativista mora perto. De tudo. São pessoas que podem caminhar, poucos passos, até o trabalho, a escola, o bar e o evento. Mas não.

Cicloativismo é proposta de uma minoria mimada e chata que, a exemplo de um candidato a ditador latinoamericano, engrossa a voz para – autoritariamente – enunciar ordens e equívocos.

O que caracteriza o cicloativista, além da chatice, é – de fato – o autoritarismo. Qualquer pedestre sabe que nas calçadas e, pior, nas ciclovias, cada passo é uma África. Os sujeitos que circulam sobre duas rodas, com capacete e ideologia, são tão agressivos como os motoristas descontrolados. Querem se impor e, em ação afirmativa, quase atropelam – diariamente – bípedes com polegar opositor que apenas caminham.

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O ciclativista é como o Poeta Sem Poesia e Sem Obra: reclama que o mundo deve algo a ele. Mas não faz nada para mover a roda viva. Ou melhor, faz sim. O ativista de bike quer circular em meio aos carros, mas segue na contramão, sobre calçadas, fazendo tudo errado, inclusive a desrespeitar sinais de trânsito.

Nem motorista, nem pedestre, o cicloativista é, além de chato, o equívoco social contemporâneo. Quer causar. Busca autopromoção. E, ora direis, consegue holofote e até ocupa espaço no jornal. Hoje, invadiu até esta coluna.

Há sujeito mais chato? Sim. Talvez, eu.

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Marcio Renato dos Santos é jornalista e escritor

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