Há duas semanas, falei neste espaço sobre o comportamento de pessoas a minha volta em relação aos livros. Pedi aos leitores que me enviassem os seus costumes e as respostas foram tão maravilhosas que resolvi reproduzir alguns trechos.
Muitos desaprovam meu preciosismo. Uma amiga disse que, ao contrário de mim, adora fazer anotações e não se importa se a capa amassar um pouco. Mas, como qualquer mortal, ela tem um cacoete: na estante, uma das partes é estrategicamente reservada para as obras que ela ganha de namorados/casos.
O leitor Fabricio concorda com a minha amiga: acha que o amassadinho da capa faz parecer que o livro tem "vida". "Sim, sei que esse é um TOC como outro qualquer", me escreveu. Também não tem dó de vender os livros que acha que não vai reler, prefere o Kindle ao papel. "Posso arrumar o tamanho da letra."
Já Guilhermina guarda quase todos os livros que acumulou nos seus 72 anos. "Pai e mãe ensinaram-me amor e respeito aos livros. Meu pai encapava todos os meus, e alguns ainda guardam resquícios dessa dedicação paterna."
Ao longo dos anos, Guilhermina, que sempre tratou os livros como "joia rara", ficou mais flexível: se na juventude abominava qualquer risquinho, hoje é raro que algum livro passe por suas mãos sem "ganhar uma lapisada".
O leitor Luiz Fernando permite anotações somente em livros que ele usa para estudar (da área jurídica) podem ganhar até mancha de café ou caneta. "Dos livros de lazer, cuido direitinho", garantiu ele, que odeia quando o livro não tem orelha. "Parece que a capa estraga mais facilmente nos cantinhos."
Evaldo B. me escreveu dizendo que cuida de sua biblioteca "razoavelmente, sem paranoia". Entre os hábitos dele, estão: colar a capa de livros comprados em sebo e tentar desentortar a estrutura geral (segundo ele, isso acontece por uso inadequado das orelhas como marcador já confessei na coluna anterior que tenho esse péssimo hábito); ler sempre de mãos limpas e em ângulo de 90 graus (admite 110 graus de abertura para livro velho), e jamais marcar a página em que parou com uma dobra.
Mas ele gosta de emprestar. "Isso faz com que a pessoa amiga fale indiretamente com a gente", me disse Evaldo. Tocada pela frase, quase um conselho, tomei coragem e emprestei Só Garotos, da Patti Smith, para aquele meu amigo a quem neguei Carta a D.
Para fechar esse texto, e esse assunto que não tem fim, termino com o e-mail do Manoel. Acho que foi a mania mais inusitada nos e-mails que recebi: "os livros em que consigo autógrafo do escritor, eu coloco-os em um saco plástico, estilo Ziploc, e guardo em uma caixa. Depois compro outro para ler".
Não é fantástico? Agradeço de coração a todos que colaboraram para essa "parte 2." Em tempo: não deixem de conhecer a iniciativa Freguesia do Livro (freguesiadolivro.com.br), que propaga a leitura por meio de doações. De vez em quando, é necessário desapegar.
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