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Hoje sinônimo de corrupção, carregar dinheiro na cueca era uma prática rotineira entre os trabalhadores rurais que chegavam na rodoviária de Londrina, na década de 60. A crônica "Dinheiro na Cueca", do escritor londrinense Domingos Pellegrini, colunista do Caderno G, relaciona com bom-humor o velho hábito de segurança a uma malandragem recente da política brasileira para rememorar o período de formação do Norte Pioneiro do Estado – vivenciado pelo autor ainda menino.

O texto vai inspirar adaptações audiovisuais de produtoras paranaenses interessadas em participar do Concurso Produz Histórias RPC, um projeto criado pela Rede Paranaense de Comunicação para fomentar a produção de 24 episódios curtos, que vão integrar um programa em formato de revista eletrônica com produção inteiramente local. "É um programa pioneiro. Nosso maior desafio é produzi-lo com o mesmo nível de qualidade feito e esperado pela Rede Globo", conta o diretor de marketing da RPC, Rogério Mainardes.

Após o período de inscrições, que se encerra no dia 5 de janeiro (ler quadro), a comissão julgadora vai selecionar duas produtoras de material audiovisual para desenvolver os episódios, que farão parte do bloco "Casos e Causos da Nossa Gente". Com duração de 45 minutos, o novo programa da RPC terá outros quatro blocos, com reportagens e documentários sobre assuntos variados. O foco de tudo, no entanto, é sempre o Paraná e a sua gente. "A idéia é falar sobre nossa cultura, abordando o que há de interessante na vida dos paranaenses", diz Mainardes. O programa passa por avaliações internas, mas a intenção é levá-lo ao ar em maio de 2007, aos domingos, após a série Sob Nova Direção.

Nossa gente

Com oito regionais, a programação televisiva da RPC repercute em todo o estado. "Queremos integrar o paranaense, mostrar a ele que um fim de semana em Curitiba não é igual a um fim de semana em Foz do Iguaçu, ou Cascavel, ou Maringá. A idéia é criar um programa que seja o espelho da diversidade da nossa gente", afirma Mainardes.

A criação de um espaço para produção e – o mais importante – para exibição, empolga o diretor e roteirista Guto Pasko. Este ano, ele concluiu o documentário Made in Ucrania, um resgate sobre os 110 anos de imigração polonesa no Paraná. Para conseguir mostrá-lo aos paranaenses, viaja pelo estado com o filme debaixo do braço. Já mostrou o longa-metragem a oito mil pessoas em nove municípios, sempre em espaços alternativos. "É a prova de que existe um público interessado em ver sua história retratada na tela", conta.

Para o cineasta, que também é presidente da Avec (Associação de Vídeo e Cinema do Paraná), o projeto Produz Histórias RPC é um novo espaço de fomento à criação, algo até então inédito para os profissionais da área no estado. "Inicialmente, o projeto interessa aos produtores, mas terá como conseqüência uma demanda profissional permanente de outros profissionais da área, como atores e técnicos", opina.

A equipe de sua produtora, a GP7 Cinema, realizou um concurso interno para escolher a melhor adaptação da crônica de Pellegrini. "Escolhemos um roteiro que fala sobre a realidade nacional, os problemas políticos vivenciados no ano de 2006 e, ao mesmo tempo, valoriza a questão local", conta Pasko.

O publicitário Paulo Vítola também já está bolando o roteiro que a produtora Realiza Filmes pretende inscrever no concurso. O início de sua trajetória profissional foi justamente na televisão, como produtor de programas locais, mas com a chegada das redes nacionais, que passaram a enviar material pronto às suas afiliadas, teve que buscar outros caminhos e acabou enveredando para a publicidade. "A produção local foi minguando, até praticamente sumir. Só restou o telejornalismo", conta.

O cineasta Beto Carminatti compactua da empolgação de Vítola, embora não saiba se vai conseguir inscrever um roteiro a tempo – ele está prestes a iniciar as filmagens do longa-metragem Mystérios, que dirige com Pedro Merege. "O projeto representa a possibilidade de formação de uma identidade cultural, com a utilização da experiência dos artistas locais. Espero que esse seja o primeiro de muitos outros projetos com esta característica", revela.

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