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Joia Rara
Estreia hoje. De segunda-feira a sábado, às 18 horas. TV Globo.
A novela é das seis, mas o visual exuberante, a complexidade da trama e o capricho na produção não devem nada às melhores histórias exibidas no horário nobre. A exemplo do que fizeram em outro sucesso recente, Cordel Encantado (2011), Thelma Guedes e Duca Rachid se unem à diretora-geral Amora Mautner e ao diretor de núcleo Ricardo Waddington em um plano infalível para (mais uma vez) revolucionar a faixa das 18 horas: Joia Rara, que estreia hoje na TV Globo.
Para início de conversa, as cenas da escalada no Himalaia que culminam com a avalanche que separa o protagonista Franz Hauser (Bruno Gagliasso) dos companheiros Manfred (Carmo Dalla Vecchia) e Eurico (Sacha Bali), gravadas no Chile e no Nepal, são dignas de produções hollywoodianas como Limite Vertical, por exemplo. A própria história do resgate de Franz pelos monges budistas, o que o leva a repensar sua vida, também lembra outro filme de Hollywood, Sete Anos no Tibete, com Brad Pitt.
Uma espiada nas chamadas e na própria identidade visual de Joia Rara, por sua vez, remete às histórias de Gloria Perez com seu apego às culturas exóticas e ao choque cultural decorrente da interação de personagens brasileiros com tipos estrangeiros. Por fim, Thelma Guedes e Duca Rachid "engrossam o caldo" situando a trama entre os anos 1930 e 1940 e falando da luta operária, da vida nos cortiços e dos cabarés na Lapa boêmia sem falar nas referências ao budismo e à reencarnação.
Não seria muita informação para o telespectador das 18 horas? Duca Rachid garante que não. "Não conheço nada mais inovador do que Janete Clair... e ela criava histórias que tinham substância e eram acessíveis. De nossa parte, tanto Cordel Encantado como Joia Rara são novelas com características de novela das oito, mas escritas de forma mais leve."
Portanto, mesmo abordando temas como o budismo, o comunismo, a Segunda Guerra Mundial, a era do rádio e a luta de classes, Joia Rara não tem a pretensão de ser "didática": "Não temos compromisso com a verdade histórica e nem queremos dar uma aula de História, só temos que manter um mínimo de verossimilhança", avisa Duca Rachid. "Nossos comunistas são humanistas, a referência ao budismo tampouco é doutrinária, queremos falar do caminho do meio, do equilíbrio... não se preocupem, ninguém vai fazer um discurso engajado."
Para Ricardo Waddington, a "culpa" por Joia Rara ter cara de novela das oito é das autoras. "O texto nos levou a isso, é a linguagem delas. Tivemos uma dificuldade gigante para gravar no Nepal, poucos filmes já foram rodados lá, mas o texto pedia. E a gente persegue a qualidade em todos os nossos trabalhos", resume.
Se a nova novela das seis vai "pegar" ou não ninguém sabe, mas ela certamente não terá nada de insossa.
O repórter viajou a convite da TV Globo.