Com história imprecisa, O Tempo e o Lugar desafia espectador

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Ao seguir a placa improvisada, impressa em papel sulfite, que indica O Tempo e o Lugar com uma seta, o espectador é guiado até o Teatro Experimental da UFPR, no prédio histórico da Universidade. Ao entrar no corredor escuro, a cena já está montada: um homem de paletó branco aguarda sentado em uma poltrona sob a luz de um holofote. Aos seus pés, o vulto de uma mulher, trajando uma saia e um casaco verde, jaz estirado sobre o chão, a cabeça apoiada em uma mala. A iluminação intimista permite distinguir apenas três formas: a mulher, o homem e uma segunda poltrona, vazia.

É preciso atravessar o palco, a poucos metros de distância da cena montada, para chegar à arquibancada que funciona como assento do teatro. Ficam visíveis, então, os espelhos que emolduram o centro da ação, formando uma linha tênue e sensível entre onírico e o “fora de cena”.

Quando todos tomam seus lugares, a peça tem início com os desvarios da protagonista “Marie Steuber”. Ela é uma mulher destruída pelo cotidiano, cujos delírios são colocados no palco por outras sete personagens, além de si própria. As situações, por vezes absurdas e sem contexto, vão delineando aos poucos os sentimentos da personagem.

“Foi difícil de entender no começo”, confirma Victoria Bruna Fontana. A estudante de 18 anos estava assistindo pela primeira vez o que chamou de “peça mais complexa”. De fato, o estranhamento é o que busca alcançar o diretor da peça, Alex Wolf: “As pessoas têm que sentir muito mais do que está acontecendo, do que entender a narrativa”, diz.

Com personagens totalmente “quebradas”, a história imprecisa, sem tempo nem lugar, se desenrola em conexões difusas, refletindo sobre o homem contemporâneo. A característica é típica do texto de Botho Strauss, autor da peça e dramaturgo do Teatro do Absurdo. “Não é uma peça de teatro para qualquer um”, alerta o diretor Wolf. “Se você quer assistir teatro contemporâneo, é preciso estar disposto”, reforça.

Serviço

O Tempo e o Lugar

Gênero: Drama

Classificação Indicativa: 16 anos

Local: TEUNI –Teatro Experimental da UFPR

Próxima apresentação: 31/03 às 21h

Ingressos: R$20 (inteira) e R$10 (meia-entrada)