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Susto e tosqueira: “cena do cachorro” ficou famosa no jogo Resident Evil 1, um dos clássicos do PlayStation | Reprodução
Susto e tosqueira: “cena do cachorro” ficou famosa no jogo Resident Evil 1, um dos clássicos do PlayStation| Foto: Reprodução

Mercado

PS se criou com uma pequena ajuda da pirataria

Todo executivo da indústria do videogame que deseja manter seu emprego fala mal da pirataria. Mas, na virada do milênio, quem não tinha bala na agulha para comprar jogos originais de Sega Saturn ou Nintendo 64 optava por um console que havia acabado de chegar e cujos títulos inundavam as barraquinhas de camelôs: o PlayStation.

O console da Sony era o que faltava para unir todas as tribos. Não só a rivalidade entre Sega e Nintendo caiu por terra, mas as divisões sociais também foram suprimidas. Afinal, não era mais preciso desembolsar uma pequena fortuna por um cartucho do Nintendo 64 ou um CD do Saturn vendido nas lojas especializadas: bastava ir até o camelódromo mais próximo e levar, de baciada, os últimos lançamentos do PS por uma ninharia.

Mais opções

Sem contar que, ao contrário da Sega e da Nintendo, que fomentavam a rivalidade entre jogadores e exigiam que as desenvolvedoras fizessem jogos exclusivos para seus videogames, a Sony queria todo mundo e queria de qualquer jeito. Por isso, em pouco tempo, a biblioteca de títulos do PlayStation já era duas vezes maior do que a dos concorrentes.

Com isso, a jogatina se tornou mais variada e acessível. E o PS se tornou a patrola que é hoje.

Em um corredor escuro, o silêncio aterrorizante só é interrompido por grunhidos que você não sabe de onde vêm. Passos soam a alguns metros, então você se vira e é atingido por tiros na cabeça. A última imagem que você vê é o teto, enquanto o sangue escorre por todo o seu campo de visão. Retry?

Se essa cena é recorrente em filmes de ação ou livros de suspense, há 20 anos ela se tornou corriqueira também em videogames. E isso se deve muito ao PlayStation. Além de revolucionar os games em termos gráficos, de qualidade, de número de jogos e de mercado, o console lançado pela Sony em 3 de dezembro de 1994 saiu do quarto dos filhos e foi instalado na tevê dos pais. Não é à toa que vendeu mais de 104 milhões de unidades.

"Resident Evil, com aqueles cachorros, não é para crianças. É sinistro" avalia Cleidson Lima, curador do Museu do Videogame.

O PlayStation não foi o primeiro a ter jogos adultos. A indústria de videogames tinha 20 anos à época de seu lançamento, e seu público já era amplo. Os CDs permitiram gráficos melhores, o que tornou os jogos passíveis de emular a realidade. Tudo isso acabou incorporado e está simbolizado no PlayStation.

A história conta que a Nintendo tinha acertado com a Sony parceria para lançar um console com jogos em CD. As empresas não se acertaram, e a Nintendo quebrou o acordo para firmar contrato com a Philips. Foi então que a Sony criou um console próprio.

Os PlayStation 2, 3 e o mais recente 4 não foram tão revolucionários quanto o 1 – aprimoraram tecnologias novas, mas jamais mostraram novidades tão avassaladoras. Ainda assim, no embalo do sucesso de seu antecessor, o PS2 vendeu mais de 157 milhões de unidades e é o videogame mais comercializado da história. Mas Pablo Miyazawa, jornalista especializado em cultura pop, não tem tanta certeza quanto ao futuro:

"Um console tão caro só se mantém em empresas saudáveis. Será que a Sony vai ter bala para lançar o PS5 daqui a cinco anos?"

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