• Carregando...
A diretora Sueli Araújo (à esq.) observa ensaio: manter emoção do espetáculo em tênue equilíbrio é um dos desafios que ela propôs | Elenize Dezgeniski/Divulgação
A diretora Sueli Araújo (à esq.) observa ensaio: manter emoção do espetáculo em tênue equilíbrio é um dos desafios que ela propôs| Foto: Elenize Dezgeniski/Divulgação

Teatro

Veja este e outros espetáculos no Guia Gazeta do Povo

A CiaSenhas estreia amanhã a peça mais realista de seus 15 anos de vida. Mas é um realismo estranho, como condiz com a companhia experimental e o dramaturgo de Obscura Fuga da Menina Apertando sobre o Peito um Lenço de Renda, o argentino Daniel Veronese (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo).

Veja vídeo sobre a nova peça

Do mesmo autor, o grupo montou em 2012 Circo Negro. Dessa vez, o trabalho simula uma interação familiar, com direito a um cenário (Paulo Vinícius) em que o espectador se acomoda em cadeiras vintage que poderiam compor uma sala do interior brasileiro, com portas e janelas que querem trazer quem assiste para dentro de casa.

A trama, tensa, fala de uma filha que sumiu, Martina, deixando cartas para família e amigos. Entre as calorosas discussões dos que ficam para trás, a encenação poderia ser confundida com um melodrama, mas o efeito novelesco é interrompido graças ao travestimento entre pai e mãe, que deixam suas identidades confusas de início.

"Quisemos colocar o discurso que seria de uma mãe na boca de um pai, numa voz masculina, e vice-versa. Desconstruir ideias, o que é diferente de um homem imitar uma mulher", contou a diretora Sueli Araújo à Gazeta do Povo, após um ensaio. Ela se referia ao efeito conferido pelo vozeirão do ator Luiz Bertazzo, emoldurado por um sisudo terno e penteado feminino, ao lado da suave Greice Barros, de tailleur, bigode e gravata (em composições de Amábilis de Jesus).

A própria tradução do espanhol para o português, de Isabel Cristina Jasinski, se encarregou de amenizar o drama. Com um trabalho sobre o texto que envolveu ajustes em cena, as palavras acabam soando muito cotidianas, ainda que tensas e tendendo ao exagero quase o tempo todo. "Como transformar a emoção em algo crível?", questiona Sueli. Com esse desafio em mente, ela direciona os atores durante o ensaio: "Ouça o que você está dizendo", sugere, para que a contenção do drama permaneça no "ponto": um equilíbrio instável.

Com ênfase na palavra, a ação se resume à rememoração da vida de Martina em casa e à troca de acusações sobre o que a teria levado a partir. Um apaixonado, uma amiga íntima e um carteiro (Ciliane Vendruscolo, Kenni Roger e Rafael di Lari) também adentram a casa trazendo novos elementos ao enredo da fuga – que, para Sueli, fala muito do momento por que passamos no Brasil.

"Vivemos perdas com intensidade, seja com relação a casos como o de Amarildo [pedreiro que sumiu após ser detido pela polícia no Rio], à ditadura, à boate Kiss..."

Nova peça da CiaSenhas estreia no Novelas Curitibanas

Participação do público é fator essencial na montagem de “A Obscura Fuga da Menina Apertando Sobre o Peito Um Lenço de Renda”.

+ VÍDEOS

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]