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A localização do Museu de Arte Contemporânea (MAC) é talvez uma de suas qualidades mais interessantes. O edifício amarelo dá de frente à acinzentada Praça Zacarias, ocupada por pontos de ônibus e todo tipo de comércio de qualquer grande capital brasileira. Não é raro ver passantes preocupadas com suas rotinas mundanas arriscarem um passeio pelas formas e texturas da arte contemporânea, naqueles cinco ou dez minutos que sobram entre a chegada do próximo ônibus ou do término de horário de almoço. A partir desta quinta-feira (15), dar uma espiada ainda vale, mas o melhor será separar um dia inteiro para visitar a 61.ª edição do Salão Paranaense.

O evento merece atenção não apenas porque é o mais antigo Salão do Brasil, mas porque é uma rara oportunidade para se conhecer a produção de 23 artistas vindos do Brasil e do exterior. Maioria deles veio pessoalmente para o evento e, como nas edições passadas, deverá acompanhar a recepção de suas obras entre o público interessado. Então, não vale dizer "não entendi" e sair afirmando que os desenhos do seu filho também são arte contemporânea. Os artistas estão lá, desta forma é só dar a cara para bater e perguntar. Quem sabe, muitos descobrirão que as obras, por mais esquisitas que pareçam, guardam conceitos e se inserem dentro de um histórico amplo de realizações do artista e das próprias artes visuais.

Haverá gente como o Charles Klitzke, que colocou adesivos lambe-lambe (stickers) nas paredes do museu para fazer uma ponte com o mundo da rua. Ou Hugo Houyek que pinta nas lonas plásticas experimentando diferentes suportes para o meio. Ou, ainda, o curitibano Luiz Rodolfo Annes e seus desenhos que agora foram parar em animações. Tem até uma peça que é um banquinho colocado em frente à outras obras, discutindo a contemplação da arte.

Até um debate foi programado para as 17 horas de sexta-feira (16) para repercutir as obras apresentadas no Salão. O novo formato do evento, que agora se tornou bienal, também será posto à prova na ocasião. Entre as mudanças promovidas por iniciativa do ex-diretor do museu, Jair Mendes, está a extinção da escolha de três vencedores da mostra. Agora, todos os selecionados receberão a mesma quantia de R$7,5 mil. Também foram criadas três categorias. A primeira, de participações espontâneas, reúne 10 dos 375 trabalhos inscritos, escolhidos pelo conselho curatorial. A de convidados nacionais apanha outros dez artistas de atuação expressiva na arte contemporânea. A última categoria reúne três autores de outros países do Mercosul, visando aproximação e intercâmbio com os países vizinhos.

Considerável parcela da classe artística local recebeu as alterações com críticas, temendo a desvalorização dos artistas locais em função da restrição do número de expositores. O MAC, por sua vez, alega que o novo modelo permite mostras mais densas e de acordo com as tendências nacionais e internacionais. É ver para saber.

Confira o roteiro de exposições

Serviço:

61.º Salão Paranaense. Abertura nesta quinta-feira (15) a partir das 20h. MAC – Museu de Arte Contemporânea (R. desembargador Westphalen, 16), Tel.: 3323-5327. Visitação, de 3ª a 6ª das 10 às 19h; sáb. e dom. das 10 às 16h.

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