Brian de Palma no lançamento de seu novo filme no Festival de Cinema de Veneza| Foto: Reuters/Gazeta do Povo

Independentes

Não existe temporada de fim de ano nos cinemas sem pelo menos um ou dois bons filmes pequenos e independentes. O sucesso de Crash – No Limite e Pequena Miss Sunshine está aí para confirmar esta tese. Leia abaixo sobre alguns desses "nanicos" que podem virar gigantes:

• The Savages, de Tamara Jenkins – Os excelentes Laura Linney (Conta Comigo) e Phillip Seymour Hoffman (Capote) vivem um casal de irmãos que se vêem às voltas com o pai idoso e doente.

• Margot at the Wedding, de Noah Baumbach, de A Lula e a Baleia) – Nicole Kidman (As Horas) vive o papel de uma mulher que, ao lado do filho adolescente, decide visitar a irmã (Jennifer Jason Leigh, apontada com forte concorrente a coadjuvante), prestes a se casar com um sujeito um tanto bizarro (Jack Black).

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A temporada de verão nos cinemas norte-americanos fechou com números impressionantes. Nada menos do que quatro filmes ultrapassaram a barreira de US$ 300 milhões nas bilheterias dos EUA e do Canadá: Homem Aranha 3, Shrek Terceiro, Transformers e Piratas do Caribe: No Fim do Mundo. Harry Potter e a Ordem da Fênix está chegando lá e outros três títulos – Ratatouille, O Ultimato Bourne e Os Simpsons, todos ainda em exibição – devem superar a marca dos US$ 200 milhões.

Felizes com o fechamento das contas, os grandes estúdios e até as distribuidoras independentes preparam-se agora para outra safra, destinada, ao menos em tese, a um público mais adulto e exigente. De outubro até dezembro, os chamados "filmes sérios", não tão comerciais e mais artísticos, começam a entrar em cartaz no mercado norte-americano, semana a semana – por aqui têm estréias previstas a partir de janeiro de 2008.

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O objetivo dessa maratona cinematográfica não é, em princípio, fazer milhões de dólares, mas conquistar a atenção da imprensa especializada, de olho nas premiações da crítica, no Globo de Ouro e, é claro, no Oscar. Os lucros virão como conseqüência óbvia.

Embora ainda seja um tanto cedo para falar em possíveis indicados, os jornalistas de cinema, cientes do seu poder de influência, não se agüentam e já começam a especular, a fazer apostas. Entre os filmes mais citados, um dos títulos que desponta em praticamente todas as listas é Reservation Road (ainda sem título em português), drama de Terry George, o diretor irlandês do impactante Hotel Ruanda.

Joaquin Phoenix (de Johnny & June e Gladiador), está cotadíssimo para receber sua terceira indicação ao Oscar. Ele vive o papel de um professor universitário cujo filho é morto em um atropelamento. O responsável pelo acidente, um advogado e também pai de família, foge e não presta socorro ao menino. O personagem é vivido por Mark Ruffalo (de Zodíaco), que estará em breve rodando Blindness (baseado em Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago) em São Paulo, sob a direção do brasileiro Fernando Meirelles.

A trama de Reservation Road gira em torno do confronto entre esses dois pais, da dor de um e da culpa do outro. Completam o elenco as já oscarizadas Jennifer Connelly (por Mente Brilhante) e Mira Sorvino (de Poderosa Afrodite), que ressurge das cinzas depois de uma longa temporada no ostracismo.

Gângster

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Outra produção que vem causando bastante frisson no meio cinematográfico, e deve fazer sucesso de público imediato, traz a assinatura Ridley Scott, diretor de Gladiador e Blade Runner – Caçador de Andróides: American Gangster. Meio na linha do último vencedor do Oscar de melhor filme, Os Infiltrados, a trama conta a história de um chefão peso pesado do tráfico de heroína (Denzel Washington, de Dia de Treinamento), que inicia sua vida no crime durante a década de 70 no bairro negro do Harlem, em Nova Iorque. O neozelandês Russell Crowe (Gladiador) interpreta o detetive obcecado por prendê-lo.

Embora as semelhanças com o premiado policial de Scorsese possam prejudicar as chances do novo longa de Scott na categoria de melhor filme – a Academia não costuma repetir gêneros em sua premiação –, Crowe e Washington, ambos já premiados com a estatueta, estão no páreo.

Afeganistão

Sob a direção de Mike Nichols, de A Primeira Noite de um Homem e Closer – Perto Demais, o drama político Charlie Wilson’s War é o título mais aguardado de 2007. O motivo: seu elenco milionário. Tom Hanks, Julia Roberts e Phillip Seymour Hoffman, todos vencedores do Oscar, estão na linha de frente da produção, um drama que mistura intriga internacional e suspense.

Hanks, com maquiagem para aparentar mais idade do que tem, é um congressista norte-americano envolvido com o apoio dado a rebeldes ultraradicais contra a ocupação soviética do Afeganistão na década de 80. Esse suporte desembocaria, conta a História, no surgimento do grupo extremista radical Talebã, que tomou conta do país na década de 90.

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Curiosamente, esse também é, de certa forma, tema de O Caçador de Pipas, adaptação do best seller internacional de Khaled Hosseini que, só no Brasil, vendeu mais de um milhão de exemplares. Segundo os prognósticos da crítica, é favorito a múltiplas indicações ao Oscar. A direção é de Marc Forster, de Mais Estranho Que a Ficção e Em Busca da Terra do Nunca.

Como quem leu o livro de Hosseini sabe, Caçador de Pipas não é exatamente uma trama política, mas um melodrama humano, que toma o percurso trágico do Afeganistão como pano de fundo. O enredo gira em torno de dois garotos de Kabul, amigos inseparáveis, mas afastados pela distinção social e étnica – e pela própria história do país. O elenco é todo formado por atores de origem oriental, apesar de ser falado em inglês.

Britânicos

Como acontece todos os anos, o cinema britânico não vai ficar de fora do Oscar do 2008. Tentando repetir o feito de Elizabeth, indicado a sete Oscars (venceu apenas na categoria melhor maquiagem), chega aos cinemas neste fim de ano The Golden Age, que retoma a história da rainha inglesa Elizabeth I, mostrando como se tornou a monarca mais poderosa em seu tempo e uma mulher atormentada pelo dever com seu país e pela renúncia de seus sentimentos.

Dirigido pelo indiano Shekhar Kapur, também responsável pelo primeiro episódio, o filme pode dar à australiana Cate Blanchett sua segunda estatueta – a primeira, de melhor coadjuvante, foi vencida por O Aviador, no qual encarnou a estrela Katharine Hepburn.

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Para chegar lá, no entanto, Cate vai ter de enfrentar concorrência pesadíssima. A favorita até agora, pelo menos segundo a crítica, é a inglesa Keira Knightley, por Atonement, longa-metragem de Joe Wright (de Orgulho e Preconceito), baseado no livro Reparação, de Ian McEwan.

Keira vive o papel de uma jovem rica cujo namorado (James McAvoy, de O Último Rei da Escócia) é acusado de um crime que não cometeu pela irmã mais jovem da protagonista. Essa delação causa danos irreversíveis às vidas de todos os envolvidos em um filme que, além de ter sido escolhido para abrir o Festival de Veneza de 2007 (em curso na Itália), vem sendo apontado como um dos melhores de um ano que promete.