Após semanas acompanhando vultosas campanhas publicitárias, entrevistas de TV e eventos com tapete vermelho, os membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles já tomaram suas decisões. Resta agora a apuração dos votos, realizada em local secreto.
Ao longo desta semana, os resultados só serão conhecidos pelos dois homens responsáveis pelo processo. Sob escolta policial, eles entregarão os envelopes que serão lidos ao vivo pelos apresentadores no domingo no Kodak Theater, em Hollywood.
Os números finais, ou detalhes como disputas muito acirradas ou ``lavadas'', nunca são divulgados.
``Isso é algo que mantemos para nós mesmos, levamos para o túmulo, se preferir'', diz Brad Oltmanns, que conduz a apuração ao lado de Rick Rosas, ambos executivos da auditora Pricewaterhouse Coopers, há 73 anos responsável pela apuração do Oscar.
``Lembro do ganhador de cada ano que fiz'', diz Rosas, que está em seu sexto ano na tarefa. ``Mas, quanto a quem ficou em segundo, terceiro e quatro, exercito algo da perda da memória recente aqui'', despista.
As cédulas são enviadas por correio aos mais de 5.800 membros votantes da academia, no dia 31 de janeiro, e precisam estar de volta na sede da Pricewaterhouse em Los Angeles até as 17h de terça-feira (22h em Brasília). A empresa não revela quantos votos chegaram, apenas que se trata de uma maioria substancial.
A partir de quarta-feira, Rosas e Oltmanns vão se concentrar com quatro assistentes nos votos durante três dias, trabalhando 14 a 15 horas diárias para totalizá-los. Mas a contagem final é feita de modo que só Rosas e Oltmanns sabem os totais recebidos por cada indicado em cada uma das 24 categorias.
A dupla vê sua tarefa com modéstia. ``Para mim, o processo de apuração é para manter toda a minha atenção em que tudo corra bem'', afirma Oltmanns.
O sigilo continua até a hora da cerimônia. No sábado, véspera da entrega, os auditores preparam dois jogos idênticos de envelopes, contendo cartões com os nomes dos vencedores, e guardam o material em um cofre.
Na manhã da festa, cada auditor apanha um conjunto de envelopes e os coloca dentro de uma pasta preta de couro - que, ao contrário do que reza a lenda urbana, não vai algemada ao pulso deles. Acompanhados por policiais, os dois são levados separadamente até o Kodak Theater, cada um por um caminho diferente, para evitar o complicado trânsito de Los Angeles.
Uma vez no teatro, a missão da dupla é fazer cara de paisagem e segurar os resultados até a hora de entregar o envelope ao apresentador de cada categoria.
``Levo isso muitíssimo a sério. Na noite do show, fico nos bastidores olhando cada envelope 15 ou 20 vezes antes de entregar ao apresentador, para garantir que tenho o envelope certo para o apresentador certo'', conta Oltmanns.
Mas os dois garantem não ter interesse pessoal nenhum no resultado do Oscar. ``Sempre gosto de dizer que graças a Deus não somos nós que escolhemos'', diz Rosas. ``Só estamos contando [os votos].''