O filme mais recente dos irmãos Joel e Ethan Coen, a comédia maluca "Queime Depois de Ler", dividiu a crítica, diferentemente do que aconteceu no ano passado com o aclamado "Onde os Fracos Não Têm Vez", que acabou recebendo quatro Oscar, incluindo o de melhor filme.
O novo longa fez sua estréia mundial no festival de cinema de Veneza na quarta-feira, fato que levou George Clooney e Brad Pitt ao tapete vermelho, sob os olhares de centenas de fãs aos gritos. As primeiras resenhas do filme ansiosamente aguardado já começaram a sair.
O jornal especializado Variety não apreciou a paródia de filme de espionagem.
"Nada na execução do projeto indica qualquer intenção de que fosse mais que uma brincadeira - o que seria ótimo, se fosse uma brincadeira divertida", escreveu Todd McCarthy. "Mas o público começa a ranger os dentes desde o início e não pára mais."
Muitos dos comentários positivos que o crítico fez a "Queime Depois de Ler" foram reservados para Brad Pitt, em seu primeiro trabalho para os irmãos Coen.
Como vários outros críticos, McCarthy elogiou a atuação de Pitt como instrutor de academia ingênuo e hiperativo que tenta extorquir dinheiro de um analista demitido da CIA cuja autobiografia ele encontra por acaso em um CD perdido.
"Brad Pitt exagera tremendamente no retrato cômico, mas, ao fazê-lo, cria um personagem simpático ao extremo", disse McCarthy.
No outro extremo do espectro, Lee Marshall, da revista Screen International, considerou o filme "um misto lindamente produzido de história de espionagem, sátira do espírito dos tempos americanos e drama de relacionamentos".
"'Queime Depois de Ler' é uma comédia urbana inteligente sobre os perigos da idiotice, que usa seu elenco estelar com efeito deslumbrante e frequentemente hilário."
Wendy Ide, do Times de Londres, conferiu ao filme quatro estrelas (de um total de cinco) e apontou as melhores performances como sendo de Brad Pitt e John Malkovich.
Malkovich faz o agressivo e beberrão analista da CIA, enquanto Clooney, em seu terceiro trabalho para os irmãos Coen, faz um policial federal obcecado por malhar e que trai sua mulher.
A principal reserva de Wendy Ide é que o elenco de personagens não desperta muita empatia no público.
"Seria melhor se pudéssemos não apenas rir dos personagens, mas também gostar deles", ela conclui.
Kirk Honeycutt, do The Hollywood Reporter, em resenha que inclui críticas e elogios, descreveu "Queime Depois de Ler" como "uma tolice menor com todos os acompanhamentos de um filme de estúdio de grandes dimensões".
Na conclusão de sua resenha, ele cita uma frase de um funcionário da CIA no filme que acaba de ser informado dos acontecimentos misteriosos que cercam a autobiografia perdida.
"Fale comigo de novo quando tudo isso começar a fazer sentido."
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