Nascido Jean-Baptiste Poquelin, em Paris, ele era filho de um trapaceiro real. Por isso, teve educação refinada em colégio de jesuítas e, forçado pelo pai, formou-se em Direito. Nada disso desviou sua atenção do teatro que era, em seu tempo, uma profissão um tanto malvista.
Iniciando-se nos palcos como ator, com o nome artístico de Molière, ele não foi um sucesso logo de saída. Chegou a ser preso por dívidas, livrando-se da cadeia com a ajuda do pai. Depois disso, passou uns tempos no interior da França, antes de voltar para conquistar a corte em Paris.
Este engenhoso roteiro, de Grégoire Vigneron e Laurent Tirard, diretor do filme, imagina uma aventura para uma parte da juventude do ator e dramaturgo. O período é quando, seguindo-se à prisão, ele teria passado alguns meses desaparecido -- fato que várias biografias atuais, aliás, põem em dúvida.
Nesta história, quem livra o artista (Romain Duris, de "Em Paris") da cadeia é um rico burguês, Jourdain (Fabrice Luchini, "Confidências muito Íntimas"). Sua atitude nada tem de bondosa. Cheio de dinheiro, mas sem refinamento, Jourdain pretende que Molière o treine como ator. Sua intenção é atuar numa peça e chamar a atenção de uma bela viúva, Celimène (Ludivine Sagnier, "Canções de Amor").
Sem nenhum tostão no bolso, Molière aceita a proposta. Mas, para esconder da esposa de Jourdain, Elmire (Laura Morante, de "O Quarto do Filho"), sua verdadeira missão, ele deve disfarçar-se de padre. Oficialmente, Jourdain o apresenta à mulher como tutor encarregado da educação religiosa de sua filha caçula.
Instalado no castelo de seu protetor, Molière fica entediado e passa o tempo imaginando como escapar. Afinal, ensinar Jourdain, que não tem nenhum talento, mostra-se um verdadeiro martírio. Logo a dona da casa, Elmire, também passa a suspeitar do falso padre. Afinal, ele mal sabe rezar um pai-nosso.
Como nas peças de Molière, as intrigas amorosas se multiplicam. De um lado, está a filha mais velha de Jourdain (Fanny Valette), apaixonada secretamente por um plebeu (Gonzague Montuel). Este romance contraria os interesses do pai, que pretende casá-la com o filho de um nobre arruinado (Édouard Baer), para garantir um título à família. De outro, está o relacionamento que começa a nascer entre Molière e Elmire.
Todas estas tramas intrincadas inspiram-se em personagens e situações de várias peças de Molière, como "Tartufo", "O Misantropo" e também "As Eruditas".
Mesmo sem ter nenhuma experiência em teatro clássico, Romain Duris, um dos atores mais requisitados do moderno cinema francês, revela um grande talento cômico e dá total credibilidade ao seu personagem. A atriz italiana Laura Morante compõe, igualmente, uma heroína muito atraente. A sequência em que ela e Romain fazem confidências ao espelho, numa montagem paralela, é uma das mais belas deste trabalho.
Vai piorar antes de melhorar: reforma complica sistema de impostos nos primeiros anos
“Estarrecedor”, afirma ONG anticorrupção sobre Gilmar Mendes em entrega de rodovia
Ação sobre documentos falsos dados a indígenas é engavetada e suspeitos invadem terras
Nova York e outros estados virando território canadense? Propostas de secessão expõem divisão nos EUA
Deixe sua opinião