Molière (1622-1673) está para a França assim como Shakespeare está para a Inglaterra. Considerado um dos maiores dramaturgos daquele país de todos os tempos, autor de comédias como "O Doente Imaginário" e "O Avarento", ele tem, aliás, uma biografia curiosa. Ela é, em boa parte, reinventada na comédia "As Aventuras de Molière" (assista ao trailer), que estréia neste fim de semana no Paraná.
Nascido Jean-Baptiste Poquelin, em Paris, ele era filho de um trapaceiro real. Por isso, teve educação refinada em colégio de jesuítas e, forçado pelo pai, formou-se em Direito. Nada disso desviou sua atenção do teatro que era, em seu tempo, uma profissão um tanto malvista.
Iniciando-se nos palcos como ator, com o nome artístico de Molière, ele não foi um sucesso logo de saída. Chegou a ser preso por dívidas, livrando-se da cadeia com a ajuda do pai. Depois disso, passou uns tempos no interior da França, antes de voltar para conquistar a corte em Paris.
Este engenhoso roteiro, de Grégoire Vigneron e Laurent Tirard, diretor do filme, imagina uma aventura para uma parte da juventude do ator e dramaturgo. O período é quando, seguindo-se à prisão, ele teria passado alguns meses desaparecido -- fato que várias biografias atuais, aliás, põem em dúvida.
Nesta história, quem livra o artista (Romain Duris, de "Em Paris") da cadeia é um rico burguês, Jourdain (Fabrice Luchini, "Confidências muito Íntimas"). Sua atitude nada tem de bondosa. Cheio de dinheiro, mas sem refinamento, Jourdain pretende que Molière o treine como ator. Sua intenção é atuar numa peça e chamar a atenção de uma bela viúva, Celimène (Ludivine Sagnier, "Canções de Amor").
Sem nenhum tostão no bolso, Molière aceita a proposta. Mas, para esconder da esposa de Jourdain, Elmire (Laura Morante, de "O Quarto do Filho"), sua verdadeira missão, ele deve disfarçar-se de padre. Oficialmente, Jourdain o apresenta à mulher como tutor encarregado da educação religiosa de sua filha caçula.
Instalado no castelo de seu protetor, Molière fica entediado e passa o tempo imaginando como escapar. Afinal, ensinar Jourdain, que não tem nenhum talento, mostra-se um verdadeiro martírio. Logo a dona da casa, Elmire, também passa a suspeitar do falso padre. Afinal, ele mal sabe rezar um pai-nosso.
Como nas peças de Molière, as intrigas amorosas se multiplicam. De um lado, está a filha mais velha de Jourdain (Fanny Valette), apaixonada secretamente por um plebeu (Gonzague Montuel). Este romance contraria os interesses do pai, que pretende casá-la com o filho de um nobre arruinado (Édouard Baer), para garantir um título à família. De outro, está o relacionamento que começa a nascer entre Molière e Elmire.
Todas estas tramas intrincadas inspiram-se em personagens e situações de várias peças de Molière, como "Tartufo", "O Misantropo" e também "As Eruditas".
Mesmo sem ter nenhuma experiência em teatro clássico, Romain Duris, um dos atores mais requisitados do moderno cinema francês, revela um grande talento cômico e dá total credibilidade ao seu personagem. A atriz italiana Laura Morante compõe, igualmente, uma heroína muito atraente. A sequência em que ela e Romain fazem confidências ao espelho, numa montagem paralela, é uma das mais belas deste trabalho.
Governadores e oposição articulam derrubada do decreto de Lula sobre uso da força policial
Tensão aumenta com pressão da esquerda, mas Exército diz que não vai acabar com kids pretos
O começo da luta contra a resolução do Conanda
Governo não vai recorrer contra decisão de Dino que barrou R$ 4,2 bilhões em emendas