O nome não podia ser mais estranho. Como é que uma comédia pode se chamar "Saneamento Básico, o Filme"? A primeira piada é justamente essa. E o cineasta gaúcho Jorge Furtado, em seu quarto longa, prova que o humor não tem assuntos proibidos.
Estrelado por Wagner Moura, Fernanda Torres, Camila Pitanga e Lázaro Ramos, o filme entra no disputado circuito nacional, lotado de blockbusters de férias, com aproximadamente 60 cópias nesta sexta (20).
Como em seus trabalhos anteriores -"Era Uma Vez Dois Verões" (2002), "O Homem que Copiava"(2003), "Meu Tio Matou um Cara"(2004)-, Furtado mais uma vez aposta num roteiro bem-amarrado.
Um grupo de moradores de uma cidadezinha gaúcha tem de virar cineasta do dia para a noite. Na verdade, o que eles precisam é de uma fossa para impedir a poluição do rio da cidade.
Mas não há dinheiro previsto para saneamento básico no orçamento municipal, apenas uma verba federal que só pode ser usada para fazer cinema.
Nesse momento, a subsecretária da prefeitura (Janaina Kremer), que não quer de jeito nenhum devolver dinheiro para o governo federal, sugere que eles mesmos façam qualquer filme e aproveitem o resto do dinheiro para fazer o esgoto.
Como se poderia esperar, a criação desse filme é a mais confusa possível. Para começar, seus produtores, o casal Marina (Fernanda Torres) e Joaquim (Wagner Moura), assessorados pela irmã dela, Silene (Camila Pitanga), e o namorado Fabrício (Bruno Garcia), não têm a menor idéia do que seja ficção.
As duas irmãs e Joaquim trabalham na marcenaria do pai delas, Otaviano (Paulo José).
Quem toma a frente da tarefa é Marina, a única que tem alguma intimidade com a escrita. Mesmo assim, é aos trancos e barrancos que se decide fazer um filme ecológico. O enredo envolve ataques de um monstro (vivido por Wagner Moura numa roupa ridícula) contra uma moça bonita (Camila Pitanga), pensando em atrair o público e garantir os apoios necessários à produção -como os figurinos, obtidos de uma butique local.
Logo mais, eles precisam da ajuda de Zico (Lázaro Ramos), um cinegrafista de casamentos que tem um computador e uma certa noção de efeitos especiais. Por causa dele, o filminho fica um pouco melhor e também mais ousado, com cenas de nudez da estrela.
É visível que uma grande parceria se formou entre o diretor e os atores. A química de Fernanda Torres e Wagner Moura é total, assim como a sintonia de Camila Pitanga com seu papel de garota vaidosa e exibicionista. Camila, aliás, mostra talento de sobra como comediante.
Claramente, Furtado faz um comentário irônico sobre as contradições do jeitinho brasileiro. O próprio enredo coloca em pauta uma velha discussão: afinal, o que é mais importante, saúde ou cultura? Ou as duas têm peso igual?
Há uma fórmula Jorge Furtado de fazer cinema. A boa notícia é que ela funciona bem em "Saneamento Básico, O Filme", que consegue ser engraçado e falar de coisas sérias.
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