Sam Claflin e Emilia Clarke são os protagonistas do filme adaptado do livro de Jojo Moyes| Foto: /Divulgação

Nas páginas do livro “Como Eu Era Antes de Você”, o delicado relacionamento de uma cuidadora e de um tetraplégico é permeado por dramas paralelos que ajudam a criar atmosfera propícia para o uso de muitos lencinhos de papel. Pois o filme baseado na obra da britânica Jojo Moyes prefere ir direto na veia dos românticos com tendência ao masoquismo e limpa as subtramas, concentrando as atenções no casal protagonista e no suicídio assistido. Apesar do tema pesado, é um filme romântico sem muito apelo.

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O roteiro, escrito pela própria Jojo, começa bem fiel ao livro. O prólogo, com o acidente que lesiona a medula de Will Traynor (Sam Claflin), e os dois primeiros capítulos, quando Louisa Clark (Emilia Clarke) é demitida do café onde trabalha há anos e, depois de péssimas incursões no Centro de Trabalho, é contratada pelos Traynor para ajudar na campanha contra a decisão de Will, que quer se submeter ao suicídio assistido, são transpostos para a telona sem muitas modificações.

As cores, padrões e formatos excêntricos das roupas de Lou, o sarcasmo de Will, a postura dominadora de Camilla Traynor (Janet McTeer), a família típica da classe trabalhadora de Lou (o pai é interpretado por Brendan Coyle, o Bates de “Downton Abbey” e a irmã, por Jenna Coleman, de “Doctor Who”), a cumplicidade do enfermeiro Nathan (Stephen Peacock) e a energia irritante do namorado esportista Patrick (Matthew Lewis) foram apresentados e mantidos na história.

Mas, a partir daí, foram permitidos alguns cortes estratégicos. A família Traynor do cinema fica ligeiramente diferente: Georgina, a irmã de Will, não tem lá muita participação no livro, mas é limada completamente do filme. O caso que Stephen, o pai, manteve com uma moça também foi eliminado.

Mas o corte mais significativo foi na história de Lou. Em um passeio com Will no labirinto do castelo que é pano de fundo para a história, ela tem um ataque de pânico e revela que foi estuprada ali anos antes. Isso não aparece no longa-metragem, mas explicaria muitos de seus bloqueios e excentricidades. A personagem ganharia em profundidade para além da mocinha que se esforça para manter o homem que ama vivo.

Mas não é nada que comprometa o desempenho de Emilia Clarke, que, apesar da trama açucarada, consegue ir um passo além da mocinha típica. Segue adorável, mas com uma “esquisitice”, ainda que manjada, que significa um frescor bem-vindo para filmes do gênero. Sam Claflin não avança pelo título de protagonista e faz uma interpretação correta, apenas. Por não ser cadeirante, personificou o alvo da fúria de deficientes físicos, que queriam um ator que sofresse na pele o problema.

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